segunda-feira, 30 de abril de 2012

Interrompidos.


- Por que desligou o telefone na minha cara?
- Por que me magoou?
- Você sempre volta para esse assunto...
- Você nunca me responde.
- Se eu te dissesse que fiz aquilo sem a pretensão de te machucar? Acreditaria?
- Sabe que não.
- Então, por que ainda pergunta? Se não vai acreditar nunca?
- Pare com perguntas.
- Olha quem fala...
- Viu? Já começamos tudo outra vez.
- Será sempre assim mesmo.
- Por isso desliguei na tua cara.
- Fácil resolver algo fugindo.
- Fácil é resolver algo mentindo.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

A cor.


- Já te disse que você é linda, hoje?
- Sou linda só hoje?
- Hahaha! Sua irônica.
- Pode dizer.
- O que?
- Que sou linda.
- Convencida... IIIH!
- Até parece...
- Sua linda!
Ela sorriu de lado. Corada.
- Tá faltando algo.
- Dizer que sou lindo também?
- Não...
(Silêncio)
- Dizer que... O sol está quente hoje?
Ela olhou para ele revirando os olhos, e suspirou.
- Ahh! Já sei, já sei...
Ela abriu um sorriso.
- Você tá querendo...
Ela deu um tapa na perna dele, e abriu a boca como se fosse xingá-lo.
Ele gargalhou.
Calma, sua boba!
- Vá à merda!
- Eu também amo você, meu amor.
Ela baixou a cabeça e sorriu.
- Você é mesmo um palhaço.
- E você adora ir ao coração desse palhaço fazer uma visitinha permanente né?
- De vez em quando.
- Antes esse palhaço aqui não tinha nada. Só aquele velho nariz vermelho opaco...
- E agora?
- Agora... Esse palhaço encontrou a cor para o nariz dele. Encontrou a risada que precisava.
- Como ele conseguiu isso?
- Eu que deveria te perguntar... Como conseguiu dar cor a minha vida?
Ela nem ousou em responder, só o beijou.
Ele sentiu a resposta.
Era simples.
A cor era amor.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Soneto do meu medo

O que está havendo com meus olhos?
Onde estão meus pensamentos?
Por onde deixei minha cara...

Cadê meus medos?
Estão por toda parte
Eu quero descansar, vem comigo?

Não sei o que sinto, por que sinto tanto...
Sinto tanto o tempo todo

Tenho medo da minha vontade
Não quero ir tão rápido

As luzes se apagam quando é hora de deitar
E ainda assim, enxergo o que não vejo quando ela está acesa.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

É só o que sinto.
E eu sinto tanto...

Queria Julieta.

Julieta era uma menina medrosa.
Ela era acima de tudo pretensiosa.
Não largava dos livros e dos bom-bons de chocolate.
Saia cedo demais, sempre rápido demais.
Julieta não queria ser esquecida, ela queria sentir e que sentissem de volta por ela.
Mas também nunca exitava em arriscar.
Não sei se antes ela arriscara demais, e tivesse se estribado nas próprias escolhas.
Talvez tenha sido isso né Julieta?
Julieta tem fome de amar.
Ela quer encontrar.
Sente o vazio do grande nada no seu peito, quando escuta uma música velha de amor e não consegue pensar em um Romeu.
Julieta chora à noite vez ou outra.
Queria tanto algum Romeu que dividisse uma barra de diamante negro com ela.
Queria ver um filme de 'chororô',  depois olhar para o lado e poder ver que o tal do Romeu estava alí, ainda.
Quando chove, Julieta se sente mais solitária do que o normal.
O normal?
Julieta queria um romance de cinema.
Pipoca, chocolate e cinema.
Ela queria estrelar um filme de amores achados.
Queria sentir o poder de quem está apaixonado.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Lapso.



- Cansei.
- Não consigo...
- ME DEIXA EM PAZ, CARALHO!
- Eu sou louco.
- Você fode minha cabeça.
- É por que a minha também está.
- Fica longe, por favor. Não sou teu fantoche.
- Eu tento...
- NÃO, VOCÊ SE QUER TEM COMPAIXÃO POR ALGUÉM, QUE NÃO SEJA VOCÊ MESMO! Seu ego está me sufocando.
- Estou perturbado com tudo isso, só queria te esquecer.
- Você nem ao menos pensa.
- Você não acredita em mim mesmo... Não adianta.
- Não tenho motivos, e sinceramente? Estou indo de vez.
- Não faz isso...
- De que adianta? Não quero alimentar tua vaidade de saber que estou aqui, eu corto essa.
- Mesmo que eu não fale, sempre vou pensar.
- Cala essa merda dessa tua boca.
- (Silêncio)
- Só... Finge que eu não existo.
- Fada.
- Poupe-me.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Décimo segundo mês do ano.

Sempre que recordo-me daquele dezembro sinto minhas pernas congelarem.
Lembro do teu olhar frio e distante. Das palavras árduas e sombrias que me disseste sem parar.
Sei que não foi por mal, sei também que teu intuito não era de me magoar.
As coisas fogem do controle quando nos decepcionamos.
Não sei se te dei motivos.
Também não quero mais saber.
Volto sempre para aquele mês.
Dezembro... O belo e malvado dezembro.
Foram 29 dias de ternura e calor, e 2 dias de frio e lamentações.
Te peço desculpas por não poder voltar.
Nem sei se devo pedir desculpa. Só estou aqui, por que ainda penso.
Não sei ao certo o que realmente houve naquele bendito mês.
Acho que só perdemos o que sempre dizíamos nunca abandonar..
E eu ainda amo.
Ainda amo tudo.
Ainda sinto.
Sinto muito.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Oh! Ah! Mar!


- Te agradeço, minha flor.
- Pelo quê? Corada.
- A paz.
- Nunca sei o que te responder, quando...
- Shiiiu! Não precisa. Só quero teu corpo aqui, juntinho do meu. Sorriu de lado.
-  Me deixo contigo... Sou tua, e sabes.
- Meus dias serão pra sempre assim, enquanto estiveres.
- Pretendo estar, e vou. Pôs a mão no rosto dele.
- Já te disse antes, que amo teu nariz não é?
- Sim, seu bobo. Risos.
- Amo tudo que faz parte de ti.
- Então... Você se ama, e muito.
- Amo amar minha parte em você.
- Vem cá, e deixa de conversa. Levantou a sobrancelha esquerda.
- Ah é?! Tem certeza... Não faz assim mocinha...
- Deixe de ser frouxo!
Gargalhadas a fundo, um sol quente na janela, o ventilador que nem fazia diferença... O lençol caíra no chão. Enquanto os dedos, mãos, pés, barrigas e lábios se enroscavam como se nunca quisessem parar. E não queriam, não deveriam. 
Aquele ardor era o perfume do sentimento.



domingo, 15 de abril de 2012

O vento leva... E só ele traz.


- Pensei que fosse o fim..
- O fim as vezes, não é nada mais que um recomeço, menina.
- Tenho medo.
- De viver?
- De reviver.
- Por que?
- Mágoas quando revividas, podem fazer mal ao coração.
- Momentos bons, quando revividos, nos fazem esquecer de vez essas mágoas.
- Tens razão..
- Então.. ainda tens medo?
- Não sei.
- Só vai saber, se arriscar.
- Posso me machucar.
- Não posso te garantir, de que não vais. Mas sei que és uma menina bem mais amadurecida.
- Tá, tudo bem.
- Não se deixe ao vento...
- Eu vou pra onde o vento te levar.
- Lá, é onde eu quero estar.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Antes sementes, depois flores.


- Oi, bom te ver.
- Sim, bastante.
- Como andas?
- Indo. E você? Conseguiu entrar na faculdade?
- Consegui sim.. Já faz um tempo.
- Fico feliz por você.
- E você... Conseguiu derrubar o muro?
- Que muro?
- Aquele que puseste entre você e o mundo, depois que nós...
- O que você acha?
- Olhando bem pra seu rosto agora... Acho que não. Mas também posso estar redondamente enganado. Mudamos tanto não é?
- É. E você costumava me conhecer.
- Você também.
- Mas ainda conhece, mesmo que nada. 3 anos ao lado de alguém é bastante tempo pra absorver a verdadeira essência.
- Então acertei?
- Nem eu sei, se ainda continuo construindo esse muro sob mim mesma.
- Espero que um dia derrubes, pois és linda demais pra querer se esconder atras disto.
Ela sorriu, sem graça.
- Você me fez feliz. Quando penso em você, abro um sorriso... Lembro dos momentos bons, dos dias de sol. A maioria deles foram assim.
- É... É uma pena que perdemos o que éramos, né?
- Era tudo mais fácil sim. Mas hoje sou outro homem... Sinto falta da inocência do sentimento.
- Eu também...
Ele levantou do banco, pois finalmente sua hora de descer do ônibus chegara.
- Foi realmente bom te ver, e conversar contigo, menina.
- É, foi sim. Foi ótimo.
- Se cuida, tá?
- Me cuido. Te cuida também, menino.
- Até mais.
- E-ei..
- Oi!
- Você ainda me faz muito bem.
- Você também. Foste a unica certa até hoje, obrigado.
Ela fechou os olhos, e deu um sorriso. Como se quisesse dizer: "Sinto o mesmo."
E ele sabia o que ela queria dizer.

Devaneio.


- Eu queria que você sentisse a minha falta.
- Você sabe que eu sinto..
- Não! Eu não sei. Eu nunca sei se você quer estar comigo.
- Deixe de lorotas.
- Você me complica.
- Você que complica.
- Viu só?
- Pare...
- Não entend..
- Sério. Pára, e dessa vez só escuta.
Ela assentiu.
-Eu quero você, quero todas as tuas loucuras e complicações. Quero tardes de chuva ao teu lado, mesmo que só estejamos brigando. Eu quero te querer...
- Está falando sério?
- Fica calada...
- Mas..
- Eu amo você.
Ela sorriu de lado.
- Esse é o momento que você responde.
- O que quer escutar?
- Só a verdade.
- Você é um palhaço!
Ele levantou a sobrancelha em tom de ameaça.
- Não me ameace com esse olhar.
- Você não sabe mentir, nunca soube.
Estava corada.
- Hum..
- Então?
- Ainda quer ouvir?
- Eu... AMO VOCÊ! E amo mesmo, muito, bastante, demasiadamente... Talvez esse seja o problema.
- Por que?
- Por que... Amor é uma coisa abstrata, complicada. E sentir isso demais é perigoso. A gente nunca sabe o que pode acontecer.
- É por isso que é especial.
- Deve ser..
- Quero viver essa complicação com você. Esse perigo, essa incerteza. Quero me aventurar contigo. 
- Já começamos faz tempo.
- E isso é particularmente belo.

You don't know me. You don't even care.

E eu gostei de ti sim.. Não te amei por que não permitistes que eu o fizesse.
Me magoaste, abriu uma ferida que tratei de cuidar rapidamente.
Se fosse antes talvez ainda estivesse aberta. Pena que me conhecestes agora..
Se o teu plano era de me devastar, falhaste.
Feridas as vezes, tornam-se cicatrizes. Estas, levamos pela vida toda.
E sim... Você é uma cicatriz minha. Mas não se preocupe, não dói.
Só.. Incomoda momentaneamente, sabe?
Mas também não caiu na sua. Ou tento não cair.
Sabe que tem poder sobre mim, mesmo que mínimo.. É como um ímã.
A raiva passou no mesmo momento em que senti. Evaporou no ar.
Sou protegida pelos meus medos..
Desde muito tempo uso essa capa. Ela me atrapalha em vários momentos, mas também me mantém firme quando deparo-me com momentos como os teus.
Você é lindo, e sabe.
Eu sei também.
Por isso prefiro a distância.
Sei que sabes que tem efeito em mim.
Só não sabes que sou mais forte do que teu ego.
Me deparei com tantos de ti, nessa longa estrada que já percorri.

O Hobbit.


- Lembrei de ti, ontem.
- O que?
- Em como a gente ria junto.
- No teu jeito insuportável de ser.
- E na tua cara de imbecil.
- É, nos divertimos muito juntos. Apesar do pouco tempo..
- Talvez...
- (Silêncio)
- Me sinto mal.
- Por que?
- Por tudo.
- Tudo bem, eu nem sinto mais.
- Sentiu algum momento?
- Eu que deveria te perguntar.
- O que achas?
- Acho que me enganou.
- (Silêncio)
- Não sei o que você vai me responder... Mas também não quero saber.
- Você está feliz agora?
- Eu nem te respondi se gostei de ti.
- Você não me responde nada mesmo.
- Só sorria, você fica lindo quando sorri.
- Gosto muito de você.
- Ambos.
- Mas ainda me sinto mal.
- Você parece feliz, na verdade.
- E estou.
- Sabia, que não te suporto na maioria das vezes né?
- Sei... Por isso ainda te importuno com minhas perguntas.
- Tenho raiva de mim por ainda respondê-las.
- Você nunca responde.
- Nem sei quem você é. Nunca soube.
- Eu tentei.
- Não... Você usou. Mas não és ruim.
- Que imagem tens de mim?
- Já te disse que não sei quem tu és. E o tempo de tentar descobrir já se foi.. Você mesmo fez questão de interromper.
- Não foi minha intenção te magoar.
- Teu ego é tão alto, que nem enxergaste a mim naquela época.
- Nunca pude saber se gostavas de mim, também.
- Faça-me o favor de não usar esse tipo de argumento. Acho que nossa conversa termina aqui.
- Gosto de conversar com você.
- Eu não sei se gosto, mas odeio não sentir ódio de você.
- Não sou ruim assim.
- Você é apenas um hobbit de merda!
- Olha aí, você descobriu o que eu sou.

domingo, 8 de abril de 2012

Chei-rar.


- O que você está fazendo aqui outra vez, Melina?
- Só.. Senti falta de sentir teu cheiro.
(Ela olhou ele nos olhos com fervência)
- Não sei por que ainda insistes nisso...
- É simples.
(Ele queria falar, mas preferiu só acender um cigarro)
- Me dá um?
- Cigarro?
- É, e o que mais seria?
(Ele deu)
- Você vai ficar calado?
- E o que quer que eu fale?
(Tragou com toda força)
- Acho que seu cheiro não é mais o mesmo.
- Por que?
- Está azedo.
- É o cigarro.
- Não não... É você mesmo.
- E qual costumava ser o meu cheiro?
- Cheiro de tardes chuvosas, com um pouco de grama por cima. Sempre que te abraçava, teu cheiro ficava no meu casaco.
(Ele só tragava, ainda calado)
- O cigarro nunca foi o problema.
- O problema sempre fomos nós.
- É.
- Quer outro cigarro?
- Não.
- Então acho que já vou.
- Boa sorte.
- Com o que?
(Ele jogou a bituca de cigarro no chão, pisando nela)
- Com seu cheiro azedo.
- Ele me faz feliz.
- E já não me faz mais.. Acho que precisava disso para ter certeza.
- Desculpe.
- Não, não se desculpe! Os cheiros mudam, assim como as estações e sentimentos.
(Ele sorriu)
- Espero que encontre outro olfato por aí. Um olfato que te ame, tanto quanto o meu te amou.
- Cheiros são sempre lembranças.
- Eu bem sei.
(Ela piscou pra ele, como se quisesse avisar que estava tudo bem)

E ela pensou enquanto ele ia: - ''É, o cheiro não é mais o mesmo. O sentimento também não.. Mas as memórias parecem parar no tempo. Ainda posso sentir o cheiro do seus olhos quando dizia que me amava.''

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Parece infinito quando ainda dura...

Tão longe, tão perto.


Passei várias das minhas longas tardes pensando nela. No modo como ela abria a bolsa, apressada, procurando por alguma coisa que ela nem sabia o que era. Reparando nos olhos, tentando entender de onde vinha aquele olhar tão independente... Nunca ousei falar com ela, acho que mais por medo do que por vergonha. No final das contas, aquele olhar... Ele me afastava dela. Tão longe, tão perto.
Tenho quase certeza que ela nunca me reparou sentado naquele banco do parque. Assim como tenho certeza que mesmo que tivesse me visto, não teria me enxergado. 
Até hoje me pergunto se deveria ter derramado um copo de suco no vestido dela, só pra ela me xingar.
Pelo menos teria me visto.
Desde que a venho reparado na praça, meus pensamentos sobre mim mesmo mudaram. Não me sinto mais tão vazio. E isso tudo é absurdamente estranho, por que ela não sabe nem ao menos que existo. Devo me atrever?
Tenho a inconsistência de nunca saber de nada, mas quando se trata dela, parece piorar...
Nem ao menos sei o seu nome.
Mas acho que isso alimenta o meu querer.
Ela tem rosto de Cecília, e alma de Manoela. Talvez nenhum desses... Talvez só Maria.
E eu? Eu apenas eu mesmo, apenas o cara do banco, que ela nunca se quer relançou o olhar. Ah... O olhar!
Ela chegou! Ela está aqui! Ela está na minha frente! Está vindo em minha direção!
Não.. Não pode ser.. Ela sentou-se ao meu lado.
O que faço? Não parei de escrever ainda, ela vai pensar que sou um nerd sem precedentes... Droga!
- Você nunca cansa de anotações?
Ele pensou: Ela está mesmo falando comigo? Meu coração está em pane. Fale.. Seu idiota, FALE!
(Gaguejando)
- E-Eu? Bo-boa tarde. Só.. Estou aqui, tentando escrever algo bom.
- Eu sempre o vejo aqui, sentado nessa mesma posição, com esses mesmos livros. E sempre rabiscando.
Ele pensou: Ela me viu? Só pode estar mentindo.
- Já me viu aqui antes?
- Se eu estou falando, é por que vi.
- Ah.. Desculpe, pensei que nunca havia reparado.. Eu que sempre a vejo por aqui, sempre muito apressada.
- É, a vida é rápida, e nos requer habilidades. Nem sempre tenho as que preciso, mas tento.
- Você é muito bonita. Se me permite lhe elogiar.
- Permitir eu não permito, mas já que o fez. Obrigada.
Ele pensou: Não posso acreditar que estou falando com ela.
Ele só sorriu.
- No que está pensando? Aliás, posso ver o que escreveu?
 - Estou pensando, que não deveria mais pensar em nada.
- Posso ler?
- Os meus rabiscos?
- É.
- Pode.
E ela leu. Fazia umas expressões de sarcasmo enquanto lia.
- Quem é essa vadia?
Ele se espantou, mas riu. 
- Você.
- Eu? 
Abriu a boca em tom de risada.
- É.. Mas, não quis dizer que era vadia..
- Hum.. É?
- Sim.
- Escreveu sobre mim mesmo?
Ele fez que sim com a cabeça.
Ela gargalhou.
- Você repara bem.
- Você também, mas pensei que não.
- Você anda pensando muito e fazendo nada. E a propósito meu nome é Lúcia.
- Seu nome... Eu.. Estou tentando não pensar em nada agora.
- Mas está.
- Adivinhe!
- ''Será que devo beija-la? Ou será que ela vai me bater?''
Ele corou e sorriu de lado.
-Errei?
- Mais ou menos...
- Então o que pensavas?
- Que você é estupidamente linda!
Ela abaixou a cabeça. Ele levantou-a com a mão direita.
- Seus olhos...
Ela levantou a sobrancelha esquerda.
- São.. São.. Tão.. Ameaçadores.
- Não tenha medo. São só pálpebras.
Ele contraiu a boca.
- Estou tentando.
- Não tente, não pense... Faça! A vida é curta demais pra apenas pensar sem agir.
- Você tem sempre pressa.. Mas é isso que te deixa linda.
Ela sorriu.
Ele a beijou devagar... Bem devagar.
Ela pensava que aquilo já deveria ter acontecido. Ela deveria ter sentado naquele banco antes, bem antes.
E ele só pensava que não queria mais pensar. Queria estar.


domingo, 1 de abril de 2012

Suficientemente.


- Por que acha que devemos ficar juntos?
- Por que até hoje, os motivos que me destes pra te esquecer, ou desistir de ti nunca foram suficientes.
- Tenho medo dessa coisa...
- Amor?
- Tenho medo de como me lê, também.
- Não tenha, é tão simples.
- Me dá calafrios.
- Só quero te mimar, te deixar aquecida nas noites de inverno, assistir um filme, comer pipoca com leite condensado, roçar meus pés nos teus... Eu só quero estar.
- Comigo?
- Conosco. Quero estar com você. Estando com você estou comigo.
- És doçura em pessoa...
- Amo quando fala assim.
(Ela abaixou o olhar.)
- Não abaixa esse olhar..
- Só não sei se sou suficiente pra ti...
- Teu nome.
- Meu nome?
- É, o teu nome me soa lindo.
- Mas..
- Não existe mais... Eu só quero te beijar agora.
- Eu amo você.
- Viu? Isso basta.
- Mas eu posso estar mentindo.
- Eu sei que não está, você ainda está de olhar baixo.
- E?
- E quando você mente, você tenta me olhar nos olhos, bem fundo pra tentar me fazer acreditar.
- Bobo.
- Linda.
- Me beije.
- Tudo que você quiser.
(Beijos.)
(Ela ainda calada.)
- Por favor, não tenha medo.
- De amar?
- De tudo que ache que não é suficiente.Só pela maneira como meche nesse casaco agora, já é o suficiente pra mim.
- O suficiente é estar sem palavras.
- Quem ama, nunca vai poder explicar.

Memórias de sentir.


- Lembra quando você costumava se importar?
- Lembro.
- Era tudo tão mais fácil nessa época...
- Acha?
- Até seu sorriso era diferente.
- (Silêncio)
- Mas.. Ainda te amo tanto..
- Eu também.
- 'Eu também' não é eu te amo. Assim como um pato não é uma galinha.
- Desculpe... Eu.. Estou tão cansado.
- Eu também.
- É diferente.
- É, você tem razão. A diferença é que eu não sei como me livrar disso.
- Sinto muito..
- Não, você não sente nada.