terça-feira, 29 de março de 2011

Sem nexo.


Dei uma volta sobre mim mesma.
Rodei, em busca de algo que eu nem sabia o que era.
Continuei rodando. Cai no chão.
Ri, quando cai. Mas eu não sabia porque rodava.
Você sabe por que acorda?
Sabe por que não pode lamber o cotovelo?
Provavelmente você não sabe.
Eu não queria saber de tudo.
Mas queria saber por que rodava como uma louca.
Talvez eu estivesse tentando encontrar o que eu já fui um dia.
Encontrar por trás de mim mesma, o que restou.
Mas a unica coisa que consegui foi cair no chão e ficar com vontade de vomitar.
Ainda não achei o motivo pelo qual, rodo sobre mim mesma.
Decidi que agora só faço isso pela imaginação.
Vai que meu cérebro encontra uma maneira de fazer minhas costas virarem meu abdômen?
Seria legal.
Seria rotacional.
Agora eu vou ver se acho meus restos pelo chão da sala.
Pode ser que quando cai, ficou por lá e nem me dei conta.

domingo, 27 de março de 2011

Calculadamente.


Passou a barba em mim, como se quisesse me arranhar.
Pegou no meu braço com força, de modo que o deixou avermelhado.
Cheirou meu pescoço com tanta vontade, que me arrepiei imediatamente
Lambeu o mesmo, com calma agora.
Arrepiada eu estava, continuei.
Ele me jogou na cama, com força.
Eu gostava, eu ria.
Ele sério. Mas eu sabia, que ele gostava.
Subiu em mim, como se quisesse nunca sair dali.
Me beijou com delicadeza.
Estranhei, mas gostei.
Os nossos pêlos estavam arrepiados.
Ele me beijava ainda, e passava as mãos pelas minhas coxas.
Parou o beijo, o rosto dele já dizia tudo.
Tirei a blusa, permaneci embaixo.
Ele tirou a dele, abriu o zíper.
Abri o meu, tirei o short.
O corpo dele estava quente, o meu provavelmente estava fervendo.
Ele me lambia, e sussurrava palavras no meu ouvido.
Não descreverei as palavras. Isso é segredo meu.
Aliás, o tesão é meu.
Enquanto as palavras dele soavam em meu ouvido
Nossos corpos quentes, grudados, suavam.
Ele mordeu meu pescoço.
Levantei, o joguei no meu lugar.
Ele sorriu. Eu mais ainda.
Fazia movimentos uniformemente variados.
A física explica.
A química ainda mais.
Compostos orgânicos combináveis.
O resto é só líquido.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Palavra dita, jamais desdita.


Confundo-me ao tentar compreender esse código que utilizamos. A palavra.
É fácil demonstrar um exemplo.
Felicidade é palavra
E o que é palavra?
Sentido forte, paradoxos e ligações.
Palavra é literatura, é poema e rima.
Felicidade é sentimento
Paradoxo outra vez.
E depois da palavra vem o que?
Depois da felicidade o que vem?
A pergunta
E a resposta?
Vem a vontade de conhecer.
E conhecer para que?
Saber usar as tais palavras.
Pa-la-vras.
Só me vem à cabeça, que somos feitos de palavras. Necessitamos como fonte de percepção, e ação. Uma vez dita, errada ou não, sofre efeitos irreversíveis.
É como um labirinto, que quanto mais elas forem saindo de nossas cordas vocais, mais se perdem.
Mas mesmo assim até onde essas letras que se juntam e formam, sentidos e dúvidas podem nos levar?
Termino esse breve texto com uma pergunta, pois no momento não consigo encontrar uma PALAVRA que expresse toda minha insatisfação de não finalizar com uma conclusão.

Costure-se. Deixe-me te firmar.


Você me levou para ver os pássaros,
Mas a unica coisa que pude ver foi seus olhos brilhando enquanto falava.
Me mostrava os desenhos nas nuvens, mas só consegui ver seus dedos delicados se mexerem lentamente.
Lembrei-me da maneira como você sorri.
E isso me fez querer te ver sorrir.
Você sorriu, depois de me olhar.
Sorrimos, e dançamos a tarde inteira
Sentia cheiro de mel em seus cabelos
Você me abraçava e falava de como queria que fosse o mundo
Eu só escutava suas ideologias
E os sorrisos se entrelaçavam
As mãos juntas costuradas.
Continuamos à falar coisas sem relevância
Mas o que mais me importava não eram os pássaros, nem a grama, tão pouco as nuvens
O que mais me fazia estar ali, era o seu brilho nos olhos.
O meu brilhava se o seu brilhasse, então o que me importou, e me importa é vê-los sempre em destaque.
Destacarei-me em você. Você em mim.
Seja assim, seremos assim.
Costure-se em mim, que eu já pus todo meu carretel em volta de você.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Flexibilidade hipócrita.




Fumo.
Fumo por que aprecio, e admiro.
Não por ser convincente, ou para achar meu lugar entre pessoas.
Fumo por sentir-me extremamente feliz.
Por saber meus limites, e aproveita-los.
Perguntam-se o por que, e o pra que do mesmo.
Mas as respostas são tantas, que nem que eu quisesse poderia expor.
Cabeças fechadas nunca vão conseguir deixar adentrar luz.
Luz sim, por que não?
Serve de tantas coisas, de tantas maneiras.
Paz, risos, inspiração.
Não que eu precise para poder cometer atos significantes,
Mas me deixa de mente aberta.
E deveria ser assim com todos seres humanos.
Todavia, é pedir demais.
Talvez se não existesse os caretas, nós os mentes abertas, aflorados pscicologicamente..
Provavelmente nem estaríamos por aqui.
Nem estaríamos abrindo nossa boca, e soltando o verbo. Soltando fumaça.
Fazendo acontecer. E aborrecer.
Para quem pensa em acabar com tudo isso, seja hipócrita o suficiente para admitir sua inflexibilidade.
Seja hipócrita mesmo e continue fechando os olhos para a realidade, só continue com sua hipocrisia, que eu continuo com minha alienação. Como quiser.
Que seja, não estou nem um pouco interessada em agradar a sociedade capitalista brasileira, quem dirá mundial?
Seja assim, até a última folha queimar.


quinta-feira, 17 de março de 2011

Musicalidade à flor da pele.


Estação de trem. Avistei de longe, sentei-me ao seu lado.
Ele parecia triste, tinha um olhar cansado. E as mãos estavam nervosas.
Ele tentava esquecer o que quer que fosse, lendo um jornal.
Estávamos esperando um trem. Não sei se era o mesmo, queria que fosse.
Sentei-me alí, sem expectativa de conversa. Mas ele ousou falar.
-''Você tem um cigarro?''
Eu séria. Mas por dentro gritando.
-''Sim. Você quer?''
Ele fez uma cara estranha.
-''Se perguntei...''
Nossa! Pensei.. Que cara grosso. Vou levantar agora mesmo, mas não consegui. Era como se algo não me deixasse levantar.
-''Ah.. é né? Tome.''
Ele pegou o cigarro como se fosse a ultima coisa que desejasse no mundo.
Fiquei pensando que ele teria que me pedir algo para acender o cigarro.
Ele não pediu, pegou um isqueiro do bolso e acendeu.
Nem ao menos me disse obrigado.
Então, me senti na necessidade de argumentar.
-''Obrigado nem tira pedaço.''
Ele parou de ler o jornal.
-''É, realmente. Me desculpe. Estou um pouco fora de mim. Obrigado, como é seu nome?''
Sorri. Me senti capaz.
-''Tudo bem.. Eu já havia notado sua agonia. Me chamo Maria Eduarda. E você?''
-''Bruno.''
Pensei em algo para falar, mas não me veio nada em mente.
Ele falou.
-''Esse cigarro é forte.''
Silêncio.
-''Acha? Eu gosto...''
-''Você não tem cara de fumante. Parece uma menina que não gosta de prejudicar a saúde. Parece também não gostar dos Misftis. Gosta?''
Eu estava querendo levantar. Juro. Reparei que ele usava uma camisa dos Misftis.
-''Quantas análises, proponho que esteja errado. Aceita? Está totalmente enganado com suas argumentações. Adoro os Misfits, e à propósito amo meu vício.''
Ele gargalhou, e soltou o jornal. Deu uma tragada, Seu olho esquerdo fechou, mas abriu rapidamente.
-''Nossa! Estou enganado? Me prove.''
Eu levantei. Agora eu precisei.
-''Nem te conheço.''
Ele levantou.
-''É, acho que estava certo nos meus argumentos.''
Eu fiz cara de raiva. Fiz mesmo e daí?
-''Essa sua camisa fez o Peter Steele ficar gay.''
Ele gargalhava, e me soava um tanto irônico.
-''Qualquer um que se preze de verdade, já viu no google o nome dos integrantes.''
Abri a boca, em tom de indignação.
Ele ria.
-''Então vá se foder. Não preciso provar pra ninguém que sou fã deles.''
Meu trem tinha chegado.
''E ainda bem que meu trem chegou, passe bem. Aliás, morra cedo.''
Ele só me acompanhou até o trem.
Eu estava quase batendo nele.
Quando menos espero, ele entrou junto comigo.
-''Não acredito''
Ele parou de rir.
-''Qual o número da sua cabine patricinha?''
Não sei por que respondi.
''109. Me diga por favor, que a sua não é a 120.''
-''A minha é a 120.''
Ele ria, muito por sinal.
Nem olhei, sentei na minha cadeira e peguei meu mp3.''
Ele sentou e me olhava.
-''Vai ouvir que música?''
-''E te interessa?''
Seca. Demais.
-''Uol! Não se irrite, seu blush ainda não saiu!''
Gargalhou com ênfase.
-''Só coloquei os fones no ouvido e fingi que ele não estava alí.''
Como pude achar que ele era um cara interessante? Sempre erro, incrível.
Até, que pra piorar ele sentou-se ao meu lado, e ainda pegou um dos meus fones.
-''Misftis?''
Nem respondi, minha feição dizia tudo.
-''Ah, legal. Mas você ainda é patricinha pra mim.''
Só ignorei.
-''Você é melhor quando fala sabia?''
Continuei ignorando.
-''Ah, tome no cu!''
Olhei pra ele, tirei o fone.
-''Tome no cu? Faça-me o favor meu querido. Quanto mais você fala, mais patético parece.''
Ele me deu um beijo. Ainda tentei empurra-lo, mas ele não deixou. Me deixei envolver pelo beijo.
-''Seu beijo é ao contrário do que me parece ser.''
-''Que? Não.. Não acredito. SAI DAQUI CARA!''
-''Seu beijo, tem gosto de horror punk, música dos Misftis.''
Parei naquele momento. Que filho da puta! Aquela era minha música favorita. Nem tive como sair dali.
-''Adoro essa música..''
Ele pegou o fone novamente.
-''Também. Queria muito poder sentir novamente.''
-''Hãn?''
-''Sentir.. A música em você entende?''
-''Se me beijar vai sentir a música? Ah conta outra.''
Ele fez cara de desânimo.
-''Já falei que seu beijo me lembra essa música. Ela toca enquanto beijo você. Toca em minha mente.''
Eu baixei a cabeça.. Não pude evitar. Coloquei a música no mp3 e olhei para ele.
-''Agora vai ser melhor ainda, se puder te beijar. Música em dobro.''
Puxei ele pelo casaco preto que usava, e nem pensei duas vezes. Beijei-o.
Pude escutar a música em dobro também. E foi uma sensação de estar num show.
Uma sensação que eu não queria que acabasse. Nem se a música terminasse.
E ficamos alí, nos beijando até a música acabar. E quando acabou..
-''Pode repetir?''
Olhei para ele e pisquei o olho.
-''Não. Mas pode me beijar sem uma desculpa agora.''
Ele gargalhou. Mas não fez outra coisa, além de me beijar.
Assim sucedeu a minha viagem de trem. A primeira que fiz, e pode ter certeza, foi a melhor coisa que já me aconteceu.
Misftis, trens, e um rockeiro grosseiro ao meu lado, o que mais posso querer?








quarta-feira, 16 de março de 2011

Gramaticalmente falando de amor.


Bem dizem que é fácil amar.
Que é quase uma catárses, sentir-se atraído por alguém.
Mas é aí que está o ponto. Ponto negativo.
Quase. Esse ''quase'' transforma a oração demonstrada, sobre o amor em incerteza. Incerteza de desfrutar a paixão envolvida.
Relações não são catárses, são estórias. Apenas estórias.
E estórias nem sempre (no meu caso, quase nunca) são como planejamos. É justamente o fato da redundância.
Estórias são metáforas da realidade.
Contos e dissertações onde o amor, é pleno.
Contos de tristeza, mas que no fundo há esperança de reconciliação com qualquer meio contado.
Fugindo da realidade, são analogias que sempre afastam nossa percepção sobre ''amor''.
Quanto mais repetições, mais perderei-me.
Valendo a ressalta de que orações demais, sempre acabam levando à nada.
Um, dois períodos... Não importa.
Descrever esse amor nunca vai ser papel para orações.
Se procuras encontrar explicações por meio de gramáticas, desista.
Talvez seja a solução de só sentir.
Uma questão de não tentar fracassar ao escrever algo sobre sentimento, assim como eu ouso fazer diariamente. Tentando achar a resposta para algo sem raíz.

Justamente por serem nuvens, que chovem. Choram.


E se meus olhos só vissem o que quisessem...
Talvez se as nuvens só fizessem chover quando estivessem mesmo saturadas.
Mas e se todos os olhos pudessem ver, as nuvens deixarem cair cada gota de tristeza?
Tais gotas que saem dos mesmo olhos; olhos que não podem ver, mas não por simplesmente não querer.
Mas por que não podem.
Olhos de dor, gotas de lágrimas, gotas da chuva.
Nuvens não são só chuva.
Nuvens são os olhos do céu.

sábado, 12 de março de 2011

A insanidade de um parecer.


Era uma tarde linda. Clara e quente.
O sol fazia questão de aparecer.
Num café perto dalí, estava um jovem jornalista lendo suas anotações de sempre.
Até que olha do lado esquerdo, entrar pela porta do recinto uma linda moça.
Linda, mas que parecia preocupada. Cabelos pretos, bem pretos. E curtos, acima dos ombros.
Ela tinha um olhar conturbado, e sua maquiagem estava levemente borrada. Ela dava sinais de que não dormira a noite passada.
Ele a observou durante minutos.
Ela pediu um café forte. Parecia que queria continuar acordada.
Ele ainda a olhava. Ela havia percebido que estava sendo observada.
Ele nem tentou desviar o olhar.
Ela nem ousou não olhá-lo.
Olharam-se. Ele levantou-se.
Ela continuou o acompanhando com os olhos.
Ele sentou na frente dela.
Ela levantou as sobrancelhas.
Ele coçou a barba.
Ela continuava de sobrancelha em pé.
O café chegara.
Ela olhou a xícara, assoprou e nem exitou esperar esfriar mais. Tomou.
Ele sorrio.
Ela se queimou.
''- Ai! Merda. E quem diabos é você?''
Ele sorrindo:
''- Nem sei.''
Ela revirou os olhos.
''- Ah, mas era só o que me faltava. Mais um louco.''
Ele queria isso. E conseguiu.
''-Por que mais um? És outra louca?''
Ela se limpando.
''- Pareço?''
''- Levemente.''
''- Fala sério, não tenho celular ok?''
Ele deu uma gargalhada. E bateu na mesa de leve. Espontâneo.
''- Realmente acha que isso é um flerte?''
Ela estava com cara de indignada.
''-Não.. Eu não acho. Eu tenho certeza meu querido! O que mais isso pode ser? Você me olha, senta em minha mesa, faz eu me queimar com a porra do café. O que é isso? Tem problemas de autismo ou algo do tipo? Por que se tiver.. Escolheu a vítima errada. Sou pior.''
Ele só observava o jeito que ela mexia as mãos quando falava.
''- Hum.. Você é um tanto.. Brava não é? E não.. Não sou autista. E nem estou lhe paquerando. Mas não sinta-se ofendida. És linda.''
Ela revirou os olhos outra vez. As mãos estavam na xícara agora. Com cuidado ela tomou dessa vez.
Ao terminar de beber o café disse:
''- Ah certo então. Agora já vou ok? Querido.. É.. Assim, foi ótimo sua presença indignável. Me retiro, e pode pagar o café já que me acha linda. Tchau.''
Ele a olhou com uma feição de quem não fazia ideia do que ela estava falando.
Levantou. Os dois agora estavam de pé no café.
''- Só por que achei-a linda, não quer dizer que quero pagar seu café, linda moça.''
Ela baixou a cabeça, respirou fundo.
''- Cara você re-al-men-te tem problemas. Não é possível! Não quer pagar a porra do café? Certo! Pago eu mesma. Agora quer dar licença que tenho afazeres?''
Ele continuou parado.
''- Diga-me seu nome.''
Ela nem acreditava que ainda estava alí parada. Mas algo parecia certo.
''- E por que? Nem te conheço. Você nem sabe quem é.''
''- Sou jornalista, me chamo Pedro.''
Ela estava meio constrangida. Nem sabia o por que.
''-Ah, mudou muita coisa. Me chamo Marilyn Monroe e sou atriz.''
Ele gargalhou.
''- Faz jus ao nome. De tão linda. Mas és tão intensa e preocupada. O que te aflinges?''
Ela agora havia feito feição de quem realmente estava odiando a conversa. O assustou um pouco. Mas não o bastante.
-''QUER MESMO SABER O QUE ME AFLINGE? O SENHOR ME AFLINGE!''
Ele sério.
''- O que fiz Marilyn? Me perdoe a indelicadeza.. Mas realmente te achei magnífica desde que entrou neste café. E eu não conseguiria sair do mesmo sem trocar pelo menos 2 palavras com a senhorita. E perdão pela queimadura.''
Ela parou nesse momento. A respiração melhorara. Mas ainda estava muito vermelha.
''- Marilyn? O senhor é um louco! De pedra mesmo. Mas até que prefiro estar aqui agora, do que em outro lugar.. Só agora. Antes não, me pareceu insano. E de insana já me basto.''
Ele abriu os olhos fortemente.
''- Ah! Eu sabia que era exatamente o que pensava. A senhorita é solitária e insana. Assim como um rapaz chamado Pedro.''
''- Por que diz essas coisas? Está mais parecendo um pscicólogo do que um jornalista.''
Ele sorrio.
''- Não, sou um jornalista mesmo. Mais um. E nem precisa ser pscicólogo para saber que você é assim. Deixa transparecer com frequência. Vi desde que entrou. Perdão outra vez se...''
Ela nem deixou ele terminar de falar e logo foi falando.
''- Não, tudo bem.. Páre com os perdões. Já pediu o bastante.''
Ela parou.. Olhou em volta. E continuou.
-''Eu estava realmente preocupada. Para sem sincera ainda estou. Mas conversar com o senhor me aliviou praticamente toda a tensão. Mesmo o senhor sendo altamente louco. Sua loucura me contagiou. Obrigada.''
E só sorrio.
Ele nem esperava essas palavras. Não mesmo. Mas já que assim era...
''-Oh! Que maravilha.. Eu humildimente agradeço suas palavras. Já que disse que lhe acalmei Marilyn, posso pedir-lhe que me acompanhe num passeio?''
Ela sorria ainda. Os olhos brilhavam um pouco. A preocupação se esvaia.
''- Por favor. E onde vamos?''
Ele fazia caminho com as mãos para ela passar pela porta do café enquanto dizia:
''-Vamos a um jardim, precisa de ar puro. E lá é bom para esbanjar alegria.''
Ela andou em direção à ele.
Caminharam pela calçada até o jardim que ele falava.
Ela colocou a mão sobre a dele. Ele assustou-se. E sorrio.
Eles sorriam.
Chegaram ao jardim e ela sentia a paz brotar no peito. Fechou os olhos e apenas sentiu o vento.
Quando abriu os olhos, ele estava diante dela com uma rosa vermelha que havia tirado de um ramo de outras rosas que tinha por perto.
Ela o viu ali. Ficou sem ação. Ele sorrindo disse:
''- Você me parece uma rosa. Quando entrou naquele café, vi uma rosa. Com esses cabelos pretos e esse batom vermelho borrado.''
Ela corada nem sabia o que dizer.
O abraçou.
''- Obrigada Pedro.. Pedro não é?''
Ele fez que sim com a cabeça.
''- Obrigada. Por tudo isso.. Mesmo eu sendo tão grosseira e insana. Na verdade a insana fui eu. Sou eu.''
Ele gargalhou. Nem disse nada. Estavam de mãos dadas. Ela estava amando aquilo. Ele nem exitava pensar à respeito.
Ela virou para ele do nada, enquanto andavam. O cabelo estava caído no rosto, o vento ajudava. Olhava para baixo e levava um leve sorriso no rosto.
''- E à propósito meu nome é Ísis.''
Um silêncio deu-se.
Continuaram em silêncio, se olhavam. Sorriam também, isso era importante.
Esse nome era importante. Ela sabia disso como ninguém. E ele também.
Era uma certeza de que estavam fazendo a coisa certa.
Continuaram sorrindo. E continuaram gargalhando. As mãos entrelaçadas.
E ele dizia: ''-Ísis... E Pedro. Sooa bonito não acha?''
E ela repondia: ''Lindo. Melhor que Marilyn e Pedro. Bem melhor.''



Insatisfeitos, estamos todos.


E tenho tido pensamentos vastos sobre a minha visão de mim mesma.
E tenho sido do avesso por tantas vezes
E tenho repetido tanto as palavras sem dizer nada.
E outros dias, eu me vejo tão diferente do que sou, ou do que quero.
Sinto-me perdida dentro de mim, dessa imensidão que sou.
Ouço as minhas lamentações, e elas nem me tocam mais.
Poderia ser assim, como não. No início do que eu era, era menos compactuoso.
Era menos conflituoso, mas não era o que eu poderia ser. Nem suportar.
Escuto, falo e sonho. Não da mesma maneira que fiz nem da maneira que queria.
Mas ainda os faço. E deveria ficar feliz por isso.
E não fico?
Fico.
Ainda assim, poderia ser menos ardente ser de tal jeito.
Mas talvez eu não fosse tão agradecida por algumas pessoas, pelo tal jeito que ainda reclamo.
Reclamarei ainda, por um longo tempo, pois me conheço e nunca estou satisfeita.
E quem está satisfeito?
O difícil é estar satisfeito e feliz com alguma coisa.
Quanto mais se tem, mais se quer.
Quanto mais se ama, mais se quer amar.
Mesmo eu. Esse vazio que levo.
Ainda quero amar. Ah... Amar.. Me assusta e me devora.
O amor me degusta.
E a satisfação corre por essas veias brancas do papel.
Ainda não estou satisfeita com o que escrevi.. Com o que escrevo
Essa folha de papel também não está satisfeita com minhas palavras
Mas ela espera outras...
Assim como esperamos outros...
E os outros esperam por nós...
Vivemos esperando. Insatisfeitos. E amando.
Queremos mais! Sempre vamos querer.
Você não quer?

quarta-feira, 9 de março de 2011

O tato mostra. Os olhos sentem.


Era magra demais.
Ele, alto demais.

Ela loira, e branca como neve.
Ele moreno, de pele bronzeada.

Ela tinha lábios carnudos.
Já os dele, eram tão finos que passavam despercebidos.

Ela tinha mãos delicadas e frescas.
Ele, tinha mãos de homem. Grossas, mas com as unhas bonitas.

As sobrancelhas dela desenhavam o rosto dela perfeitamente.
As dele, eram escuras e um pouco grossas. Mas combinava com o formato do rosto.

O cabelo dela era curto, e ondulado. Dourados. Curto, mais ou menos por cima dos ombros. As ondas eram perfeitamente cronometradas.
O dele, era escuro, quase preto. Um pouco bagunçado. Nenhum fio parecia se encaixar com o outro.

Ela era desengonçada, e desastrada com as palavras.
Ele, conseguia encantar qualquer um quando abria a boca.

Ela pelo menos tinha um sorriso estonteante que deixava qualquer um parado ao vê-lo.
O sorriso dele, era normal. Mas charmoso.

Ela se entregava pelos olhos verdes.
Ele deixava o mistério no ar, com os olhos castanhos.

Ela ficava corada quando o via sorrir.
Ele falava coisas como o sorriso dela o deixava emudecido.

Ela preferia calar. E deixar o cabelo cair pelo rosto.
Ele ainda falava, e tirava o fios de cabelo que queriam esconder o rosto dela.

Ela tentava falar. Mas as mãos frescas tremiam.
Ele agora não falava. E as mãos grossas tocavam as mãos frescas e finas.

Os olhos verdes ficavam admirados ao ver aqueles castanhos.
Os castanhos estavam em brilho constante.

Os cabelos dourados balançavam, e agora não se atreviam a cair pelo rosto.
Os pretos, continuavam na sua bagunça.

A respiração dela, era desigual. Mas era o momento.
Já a dele, era suave.

Os lábios carnudos estavam avermelhados, assim como uma linda maçã.
Os que ainda sobravam dele, estavam trêmulos. Quase em ação.

Agora, os lábios, cabelos, mãos, e sobrancelhas estavam totalmente juntos.
Num só beijo.
Num só toque.
Numa só respiração.
Num só ritmo.
Um ritmo que chamo de deixar-se saber.
Saber o que é sentir carinho.
O que é sentir alinhamento.
Alinhamentos, completamente solucionados pelo tato.
Só. E deixa ser.




segunda-feira, 7 de março de 2011

Fingindo introsamento.


Por incrível que pareça o que ela mais esperava era, que as pessoas não a venerassem tanto, nem que a dessem tanta atenção.
Ela só queria viver sozinha. Estar sozinha.
Mas ninguém achava que ela tinha capacidade o suficiente de fazer isso.
Tudo que ela efetuava, parecia ser incompleto para os outros.
Nunca era o bastante, e quanto mais as pessoas queriam estar de olho nela,
ela parecia fazer mais para continuarem olhando.
Não que ela quisesse. Ela só queria era poder não magoar essas pessoas. Que eram tão importantes para ela, mas que não aguentava mais. Não podia mais aguentar todo aquele expanto. E carinho. Estranho uma pessoa não aguentar tanto carinho né?
Mas ela não gostava.
Ela sentia amor. Ela sentia sim.
Mas não exalava. Ela só queria fingir que não precisava disso.
Um dia talvez por a caso, ela acabe descobrindo que precisa. Até lá, ela vai vivendo assim.
Recusando qualquer tipo de atenção. Qualquer tipo de carinho, e formas de amor.
E quanto a atenção?
Ela vai aguentando isso, até onde pode.
Fingindo que está feliz, em meio a tantas pessoas diferentes dela, e com pensamentos tão distintos sobre ela..
Vai fingindo, que está com a cabeça em cada conversa que se altera. Em cada copo de vinho.
Em cada garfada que dá, naquela comida maravilhosa.
Com tantos sorrisos. Às vezes até falsos. Mas que pelo menos ainda sorriam.
E ela? Nem se atrevia a sorrir. Uma vez perdida ainda sorria de lado.
Só quando realmente achava um pingo de sarcasmo em algumas atitudes.
Além disso, nada mais.
E assim iam os dias dela em meio a tal situação.
Imagine-se viver assim, só por um instante.
E só por um instante tente não fingir que nunca se sentiu assim.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Solitário. Ser sozinho.


Solidão é amargura.
Amargo como o olhar de um pscicopata,
Altruísta como a solidão.
Solidão que só ascende.
Pscicopata da solidão.