quinta-feira, 30 de junho de 2011

Pinguins.

"Solte minha mão''
''Não vou fazer isso"
"Já disse que não quero nenhum fiasco seu"
"Não entendendo como você pode ser assim"
"Não me venha com lamentações"
"Você me amava até minutos atrás"
"Solte minha mão"
"Você não quer que eu solte"
"Quem é você pra me dizer o que eu quero?''
"O amor de sua vida"
"Não me olhe''
"Não minta pra mim''
''Não''
"Não?''
"Não vai soltar minha mão?''
"Não''
"Então segure-a. Segure todo o meu desprezo''
"Seguro. Seguro toda sua doce mentira.''
''PÁRA DE ME CONTESTAR! SOME.''
"Páre de ser tão tirana.''
"Justamente por ser, não quero sua mão em minha mão.''
"Desculpe, não vou soltar.''

E eles ficaram alí.
Ele com as mãos grudadas na dela.
Ela com tanta raiva, que nem conseguia deixar o ar respira-la.
Ele ainda tinha esperanças, que ela amoleceria as mãos.
Ela tinha certeza que ele não iria soltar sua mão. Por isso não amolecia.
As mãos grudaram. Não soltaram.
Ele não faria isso jamais, ele não se pronunciaria sem ela.
Ela não mostraria o que é, mesmo que ele já soubesse.
Ela só queria as mãos deles alí, juntas como dois pinguins.
Pinguins na geleira.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Balonê.

Corroe a alma, machuca o coração, leva-o pra um abismo. Sem volta. E só volta quando se têm o prazer de não sentir o saudosismo que dói, corroe. Ah.. Se eu pudesse virar um balão pra voar sem destino, e explodir no ar só por não conseguir mais aguentar a umidade e relatividade. Ah, como seria se não sentisse essa saudade que sangra minhas artérias. Que me joga da janela sem perdão. Ah, volta pra cá, vem pra perto de mim, deixa essa distância pra lá.. Voa que nem balão. Voa pra mim.

O amor magnânimo.

Linda, eu amo você. - Disse ele sorrindo.
Eu não consigo ir embora.. Eu não posso ir. - Disse ela lacrimejando.
Eu sei que você volta, olha só onde estamos.. Isso já é tanto. - Disse ele, querendo ser forte.
Eu sei.. Mas é tão.. Difícil. - Disse ela chorando.
Não chora, eu sou seu. - Disse ele angustiado, tentando achar as palavras certas.
Eu amo tanto você! Amo mais que imagina. Amo seu sorriso, sua voz.. Como posso ir, se meu lugar é com você? - Disse ela, sem querer dizer nada.
Eu nem posso dizer o quanto a amo.. Eu.. Eu não quero que vá, mas não temos outra escolha. - Disse ele, dizendo.
Ela o abraçou, chorando.
Ele abraçou-a também. Chorando.
Sou todo seu amor, você é todo o meu amor. Somos amor. E eu não vou deixar você nunca. - Disse ele, amedrontado.
Só quero estar aqui. - Ela disse.
Sempre que você sentir minha falta, eu vou sentir a sua. E mesmo que não sinta a minha, eu sentirei a sua. Quando quiser me ver, olha pra o céu. Eu vou tá te olhando do outro lado dele. - Disse ele, querendo ser suficiente.
Como pode existir pessoa tão linda como você? - Ela disse.
Como pode você me amar? - Disse ele.
Como posso não te amar? - Disse ela.
Como podemos não nos amarmos? - Disse ele.
Não tem como, somos o amor. - Disse ela.
Eu te amo, e isso basta. Não há distância que mude isso. Agora vá, e limpe essas lágrimas, pois amor verdadeiro não machuca. - Disse ele limpando as lágrimas dela.
Promete me esperar? - Disse ela sorrindo e pegando a mão dele.
Eu vou te esperar, eu não vivo sem você garota... Não posso. Eu espero a vida inteira por você. Sossegue. - Disse ele com a mão junto da dela.
Ela sorriu. Ele sorrio junto.
Ela levantou. Ele levantou junto.
Ela tirou a mão. Ele também.
Ela foi embora. Ele também.
Ela o ama mais ainda. Ele também.
Ela chora todos os dias sentindo a falta dele.
Ela chora, ele chora.
Mas o dia deles chegará.

terça-feira, 28 de junho de 2011

A vida me moldou assim. Me modelou com palavras árduas e centímetros insanos.

Condolência - carência - sequência.

Me dói tanto, me dói tudo, me dói a dor de sempre estar pronta pra pesar - magoar - melindrar-se - condoer-se - compadecer-se - arrepelar-se.

Cheio de nada.

Me sinto tão vazia agora. Tão incompleta, sem destino.
Como um balão de festas.
Vazio por dentro, cheio de charme.
Cheio de tristeza. Cheio de nada. Cheio de mim.

O verso errado.

É difícil alguém conseguir me ler. Não tô dizendo que é impossível.. É só difícil, arduoso.
Falo, sou, almejo, sonho uma língua diferente. Um sabor diferente.
Sabor de fruta-pão. Sabor de chocolate amargo derretido em café.
Decifra-me e te dou meu amor.
Te dou meu pesar. 
Te dou minha luz. 
Me lê até o fim, que eu te conto o final.
Lê até a última linha, que eu abro meus braços.
Caso contrário, vai arder.
Arde porque não sou doce.
Sou pimenta, esperando alguém me morder, pra se arder.
Fique sem ler. Só por precaução.

Saudosismo.

E como eu sinto saudades... 
Sinto saudades do que passou há um segundo atrás.
Mas sinto mais ainda, daqueles momentos que não podem retornar, 

daqueles sentimentos que ficam guardados naquele instante.
É isso que faz a saudade ser tão especial. Um instante, uma saudade, uma dor
Tantas palavras cabem em um segundo. 
Quantas lágrimas caem em um segundo.
Quanta saudade eu sinto em um segundo.

Calha-te.

Sou um mistério até para meus medos. 
Sou uma dúvida para meus conceitos. 
Perco-me tentando dar sentido as minhas palavras
Mas acabo finalizando meus atos com poemas e sonetos sem pra quê e nem por quê.
Só por nascer com esse karma. 
Quem dera outra vida, eu tenha conceptismo o suficiente para cultivar meus pensamentos aluados.
Quem dera, quem dera.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Paralelo.

Livros são solitários
Só se tornam algo, quando alguém os lê.
Livros são como pessoas pra mim.
Se ninguém nos conhece, não existimos.
Se ninguém lê um livro, ele não existe.

A música

Os pés juntos na escada rolante
Subiu os degraus em movimento.

Acanhou o olhar
Descansou a dor

Comprimentou as pessoas do salão
Soltou o cabelo
Lambeu os lábios, como se procurasse algo

Juntou as mãos, por medo
Finalmente sentou

Permaneceu sentada
Olhares
No salão

Ele vinha andando em sua direção
Pegou sua mão amedrontada
Não abriu os olhos
Ele levantou-a
Dançaram pelo salão, sorrindo

Abriu os olhos, o viu diante dela
Acalmou-se
Sorriu, um sorriso branco
Abraçaram-se e desceram a escada rolante

A música ia desaparecendo conforme eles se afastavam
Mas ainda estavam dançando
Dançando ao som do amor

domingo, 26 de junho de 2011

Na pratilheira.

Foram aqueles livros cheios de poeira que a fizeram chorar.
Quem poderia culpa-la por sentir-se parecida com aquelas letras perdidas?
O cheiro de mofo dos livros sobre as pratilheiras... A faziam sonhar com o céu azul
Como um marcador de páginas, ela ficou alí, esperando que alguém a mudasse de lugar.
Esperando que alguém lêsse suas páginas amareladas.
Agonizando por uma mão, que abrisse sua capa não muito convincente.
Julgavam-a pela capa avermelhada e empoeirada.
Quando não sabem, que as mil e uma letras que estão dentro dela, é a alma de uma mulher que não chora poeira por que quer. Chora por que o tempo não se subverte.
O tempo não pára para nenhum livro. Nenhuma vida.
O tempo só amarela as coisas. Envelhece, dá alergia de pensar.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

O Lençol

Entre os lençóis sobrou as dobras de todo o vazio que existe entre nós
A cama está gelada
Seus pés não esquentam mais os meus
Pois mesmo que estivessem entre esses lençóis, não me abrasariam 
Fervia a colcha e a janela estava sempre aberta
O que fiz foi queimar a maldita colcha, juntamente com todas as toalhas em que enxugou-se
A janela está aberta
Tanto frio me faz sorrir
As nuvens lá fora me limitam a pensar sobre a chuva
Honestamente venho exalado neblina dessa janela aberta
E não, não sinto culpa.
Nenhum tipo de ojeriza acrescenta esse sentimento de geleira
Faça-me o favor de permanecer queimando longe daqui
Longe dos lençóis frios e agoniados 
Cristalizando as nossas fotos, que nunca estiveram tão sem cor como agora
Acho que é culpa dessa janela 
Ou dos poetas românticos que leio
Ou do lençol.
Da cama.
Do branco.