domingo, 27 de fevereiro de 2011

Não suporto, não absorvo e NÃO.


Olho para essa tela branca, antes de escrever e me passam mil pensamentos..
Coisas que nem sei se consigo transformar em palavras.
Coisas que acho que só consigo transmitir por lágrimas.
Coisas que só minhas lágrimas podem entender.
Entender o quanto dói meu ''coração'' por eu não conseguir usar o próprio ao meu favor.
Tenho medo de não conseguir fazer minhas palavras serem o suficiente para suprir minhas lágrimas.
Sei, que essas lágrimas que escorrem pelo meu rosto são sinônimo das minhas atitudes.
Da minha defesa fracassada.
Do meu medo encubado.
Do meu amor inalado.
Do meu jeito de falar.
Do meu jeito de andar.
Por conta do meu jeito de não conseguir amar.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A menina dos olhos picados.

Menina de fibra. Mas de um olhar tão adocicado, que a cada piscada que dava, levava consigo um formigueiro.
Talvez fosse esse formigueiro inteiro que a picasse, por ser tão doce. Cada picada, era uma mágoa.
Uma mágoa que a deixava sem forças. Mas que não a deixava morta.
Ser doce demais, provavelmente era seu maior ponto de lucidez, e de burrice.
Picadas profundas as vezes chegam a sangrar.
Nem sempre saram por completo.
Quase nunca se camuflam.
Mas ela tem o poder de esconde-las como ninguém.
A doçura sutil, mas que muitas vezes falava mais alto.
Era a mais doce, das meninas.
Sentimentos, sorrisos de transbordar cachoeiras.
Sua companhia era extremamente agradável.
Era bem pensando, mais que isso. Chegava a ser necessária.
E quem sabe não fosse por isso que tantos a picavam?
Já mencionei que picadas profundas não cicatrizam.
Sem paradoxos, mas buscando conclusão.. A sua inocência não era angelical,
Era doce. Era de alma.
E quanto mais picadas, mais ela ficava docinha.

Um tanto


Tentei não sentir ódio
Mas a unica coisa que me sobrou foi a mágoa
Tentei pensar que fosse só o ócio
Mas outra vez percebi que era a tal da mágoa
Mágoa que não me deixa afoga-la
Que não me deixa engana-la
Nem fingir que não consumo cada gota dessa musculação paradoxal.
Pulsação de sangramentos magoados por todo meu ódio.
Por toda cavidade corporal
Tal corpo, atormentado
Fora do almejado, sem condições de cumprir as metas de satisfação própria
Tormentos totalmente trazidos pela tatuagem que eu mesma chamo de ócio
Tatuagem marcada de preto, de cores opacas e sem direção pela pele
Pele levemente branca
Branca de tanto esperar
Esperar por enganar, afogar e magoar.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Malditos pêlos. Graciosa barba.


Enquanto ela olhava para aquele rosto quadrado que ele possuía. Ele simplesmente coçava a barba que tanto o deixava intelectual ao olhar dele mesmo.
Deitados na cama, um ao lado do outro. Parecia que faltava alguma coisa entre eles.
Ela agora mudou o olhar, estava fixado na barba. Nos dedos dele, que coçavam sem parar aqueles pêlos desordenados, mas que eram tão incrivelmente pretos e originais.
Ele agora parara de coçar os seus pêlos. E a olhava sem ar de questionamento.
Ela deu a mão a ele, como se pedisse esmola. Ele colocou a mão dela sobre seu peito esquerdo.
Os olhares pareciam mortos. Mas esperançosos.
Ela tentou não fazer algo errado. Só colocou a mão que estava sob o peito dele, na barba.
Os olhos dele agora brilhavam. E ele nem havia pretendido se alegrar com um simples toque.
Ela havia fechado os olhos. E apenas tocava na barba. Os pêlos a furavam, mas ela nem se importava, e gostava da maneira que arranhava.
Ele gostava, da maneira que os dedos dela passavam entre a barba dele. Repentinamente ele levantou. Ela abriu os olhos. Ele ainda não falara nada. E nem ela faria o mesmo. Ele só foi em direção ao som, e colocou um CD de 'The Fray' para tocar.
Ela sorrio. Ele Piscou para ela.
Talvez fosse o suficiente para eles deitarem juntos novamente, e fecharem os olhos.
Ela havia parado de tocar a barba dele. E ele agora, tinha almejado dar um sorriso. Mas pensou demais, e só colocou a mão nos olhos dela.
Ela ainda não ia falar. Sorrio.
Ele agora tinha coragem:
-''Sinto que sei que algo fora do comum acontece quando toca minha barba. Só sei que sinto. Quer sentir também?''
-''Só se você não me ver também.''
Ele concordou.
Eles estavam sem contato visual. Mas isso não era muita coisa. Ainda tinham a outra mão. E a respiração, e a audição. Era o bastante. A visão agora era só mais um artifício.
Ele tocava os lábios dela, com um dos dedos.
Ela arranhava os pêlos da barba dele.
Sorrisos agora eram possíveis de serem ouvidos. Mesmo que não pudessem serem vistos, era mais harmonioso escutar.
Chegaram um pouco mais perto. Abriram a boca no mesmo instante. E nem estavam vendo.
Se beijaram com uma força fora do natural. As mãos haviam se esvaido.
A barba dele agora, roçava sobre o rosto dela, e ela sentia uma sensação unicamente artomentadora. Ele deixava que sua barba a tocasse com força porque sabia, o quanto ela amava aqueles pêlos.
Eles continuaram o beijo por uns instantes. E quando acabou, abriram os olhos no mesmo momento.
Um silêncio prevaleceu. Se olharam, e não sabiam o que dizer. O que argumentar, o que demonstrar. Só sabiam que havia sido esplêndido.
Ele olhou para o rosto dela, que estava todo vermelho por conta da barba dele. Ele sorrio.
Ela permaneceu séria. Olhou ainda uns instantes para ele. Para a barba dele.
Levantou e foi-se.
Ele não falou uma palavra sequer. Ele sabia que aquele beijo tinha sido maravilhoso. Mas sabia além de tudo, que ela não o amava mais. Que a força do olhar dela morrera. E que a barba era só um motivo.
Engraçado, ele pensava. Porque ele se achava tão atraente e intelectual por conta daquela barba. E agora era ela o motivo de mais raiva que ele conseguiu encontrar para colocar toda a culpa. Toda a culpa de não ser mais o primeiro. O incondicional e admirado. Era agora só o barbudo que deixava ela vermelha.
Vermelhidão fraca o bastante pra sumir em instantes pequenos após um toque.


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Passagens pra lua.



Estou sentindo uma tal de paixão brotar sobre meu peito.
Sentindo meu lado esquerdo borbulhar a cada vez que vejo ele piscar.
Dá pra ter uma noção de quanto estou apaixonada? A cada piscada dele, já me sinto como se estivesse tendo um ataque cardíaco.
Se isso for normal, por favor me avisem. Por que eu tenho quase toda certeza que eu preciso de receita médica.
E ele pisca tão lentamente quando está ao meu lado. Isso me assusta..
Ele olha nos meus olhos com tanta intensidade, que eu nem percebo quando ele está me tocando.
Ele me toca, e me deixa sorrir sem precedentes. Acabo não percebendo quando ele põe sua mão sobre a minha, e quando me beija no rosto e vai descendo até o pescoço..
É incrível como cada piscada dele, me deixa imóvel. O pior de tudo, é que ele nem sabe que à cada piscada que efetua, sobe uma tal de paixão sobre minhas veias, artérias, e me deixa parada. Suando. Mas não é um suor frio. É um suor quente. Um suor, de quem está totalmente envolvida.
E ele percebia esse suor. Ele parecia gostar, vejo um sorriso no rosto dele. Um sorriso meio de lado, daquele tipo de que realmente gostava do que via.
E eu só sorria também, deixava ele me levar, deixava ele fazer o que quisesse de mim. Seus olhos estavam abertos, e agora eles piscavam mais rapidamente.. E isso era só o começo das erupções dentro do meu peito. Eu via aqueles olhos bem perto dos meus, e isso me deixava sem controle.
Então ele veio encostar aquele lábios sobre os meus. Não sei nem dizer como me senti naquele instante tão absolutamente cristalizado.
As mãos dele deslizavam sobre o meu corpo, como água.
Como água quente, mas não queimava, apenas evaporava. Era uma evaporação de pele.
Uma química perfeitamente encaixada. Ele me apertava com suas mãos, e eu não reclamava. Eu gostava, e isso me deixava mais quente do que as mãos dele.
Nos beijávamos com tanta vontade, que eu sentia o coração dele pular do peito.
Ele provavelmente sentia o meu também.. E eu nem me importava.
Agora ele tentava abrir meu short. Ele não conseguiu, então abri para ele. Ele sorria, e piscava.
E eu olhava pra cada movimento que ele fizesse, não queria perder nenhum deles.
Ele suava também. Suava muito. Escorria sobre a camisa. Ele tirou a camisa, e logo voltou a procurar a minha boca, deixei que ele a encontrasse.
Tirei a minha blusa também. Queria nossos corpos o mais juntos possíveis. Queria sentir aquele suor sobre o meu. Aquela química era simplesmente incomparável a qualquer outra coisa.
Mais ainda faltava uma coisa. A bermuda dele ainda estava lá.
Nós não queríamos mais nenhum tipo de jeans entre nós. Tiramos juntos a bermuda dele.
Desabotoei, e ele a tirou. Agora estávamos mais que unidos. O calor agora parecia subir mais de 40ºC.
As mãos dele estavam sem controle algum. E não seria eu que colocaria algum tipo de controle sobre elas..
Já as minhas estavam paradas. Estavam suando, mas paradas.
Ele tocava o meu rosto, com tanta delicadeza. E ao mesmo tempo descia uma das mãos até minha virilha. Eu só deixava ele fazer o que pretendia. Minha respiração nesse momento era ofegante.
A dele também parecia ofegante. E aquela mão na virilha agora estava na minha calcinha.
Ele tirou com cuidado, e me olhava para saber minha reação. Ele se preocupava com minha reação.
Meus olhos estavam abertos, resolvi fecha-los quando ele tocou na minha calcinha.
E ele a tirou. Logo tirou a cueca dele. E em alguns segundos tirou o meu sutiã que abria pela frente, com a boca. Eu estava extremamente ofegante, e sem ar.
Aquela maneira dele tocar em mim, me fazia sentir vontade de gritar tão forte. Mas eu pensei melhor e preferi ficar só com a respiração ofegante.
Ele então me beijou com uma calma, que me fez pensar que estava em outro lugar com ele. Não alí naquela cama, no meu quarto. Mas sim na praia, à noite.. E com um céu só pra nós.
Eu estava me sentindo cristalizada novamente. Então chegou o momento da penetração.
Ele fez isso com tanta cautela, que nem percebi que ao me beijar ele estava fazendo outra coisa.
Só percebi quando já estava dentro de mim. E foi como se todos os pêlos do meu corpo decidissem se arrepiar ao mesmo tempo. Foi uma sensação unica.
Parecia que estava com uma passagem até a lua. E eu estava chegando até ela.
Ele fazia um movimento com total frequência, e ele não esquecia de me beijar, e fazer carinho com um das mãos. Ele fazia uma expressão séria, mais ao mesmo tempo delicada.
E eu olhava aqueles olhos, aqueles cílios. Minha expressão era de alívio. Meus olhos abriam e fechavam sem parar. As vezes os fechava com tanta força, que nem lembrava de abri-los novamente.
E aqueles movimentos, duraram mais tempo. O suor também. O carinho também.
Até que estar na lua parecia não ser o suficiente. Agora parecia que eu estava flutuando no espaço. E sabe aquela vontade de gritar que controlei um pouco antes? Dessa vez eu não consegui contê-la. Gritei, e o arranhei com minhas unhas, sem pudor algum.
Ele sorria, ele realmente gostava do que eu estava fazendo.
Até que o nosso suor se tornou frio. E ele caiu diante de mim, cansado e satisfeito.
Com uma expressão linda, e um sorriso branco estampado. E eu com a boca aberta, e dando boas gargalhadas.
Ele me abraçava. E me beijava o pescoço suado. E os lençóis molhados nem nos incomodava.
Aquela ida pra lua, parecia que nunca mais iria ter volta.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Um céu, um coração. Uma, duas estrelas.


Paredes escuras eram o cenário em que se encontravam naquele momento.
As paredes eram bem como os olhos dos dois. Como a feição que tentavam esconder.
Apenas olhavam para o céu e admiravam a escuridão.
Ao converter seu olhar para ela, ele então disse com a voz serena demais:
-''Quantas estrelas poderíamos contar esta noite?''
Ela sorriu por segundos. E continuou o olhar firme sob o céu.
-''Acho que não conseguiríamos contar nenhuma. Elas sempre se misturam..''
Ele tentava encontrar uma resposta.
-''Assim como os sentimentos?''
Ela concordou com a cabeça, mas advertiu:
-''Não tão como os sentimentos, é mais como o ser humano.''
Ele sentiu um ar quente subir sobre sua traquéia.
-''Ser humano?''
Ela tinha o olhar concentrado em seus próprios pés. Ela gostava de olhar para os pés enquanto falava e pensava. Achava que assim tinha controle das palavras.
-''Exatamente. Para mim os seres humanos são como as estrelas. Cada um com seu brilho existencial, mais totalmente misturado na imensidão do espaço. Alguns acabam se ofuscando com o tempo, mas ainda estão lá, só não podem mais serem vistos.''
Ele olhava para uma das estrelas que havia no céu e tentava entender aonde ela queria chegar.
-''As estrelas realmente te deixam envolvida.''
Ela olhou para ele com um olhar de aprovação.
-''Sim, mexem comigo. Mexem com você também.''
Ele não parecia entender uma só palavra que ela dizia.
-''Comigo? Porque?''
Ela deitou no chão, achava que poderia se sentir mais livre assim.
-''Te acho parecido com uma estrela como ninguém nunca pareceu, pelo simples motivo de você ser de um jeito e aparentar ser de outro.''
Ele deitou ao lado dela, queria de todo jeito captar a mensagem.
-''Você acha isso? Então quer dizer, que sou uma farsa?''
Ela soltou uma gargalhada bem natural.
-''Lógico que não. É só pelo fato de que você assim como as estrelas, se você olhar bem pra dentro consegue ver coisas que nunca veria a olho nú.''
Ele fez cara de quem não estava entendendo nada a cada palavra que ela soltava.
-''Não estou mais te entendendo.''
Ela virou o rosto dela em direção ao dele.
-''A maioria das estrelas que vemos não são como elas são. Muitas já nem existem mais. Estão muito longe, por isso a informação chega atrasada por aqui. E você é uma coisa por fora, mas eu sei que não é nada disso aí por dentro.''
Ele também decidiu virar o rosto em direção ao dela. Ficaram bem perto um do outro nesse momento.
-''E o que você vê dentro de mim?''
Ela sorrio.
-''Vejo mais uma estrela.''
Ele não queria falar mais uma vez que não estava entendendo nada de nada.
-''A informação chegou tarde demais pra você, assim como chega para nós sobre as estrelas de verdade?''
Ela voltou a olhar para o céu.
-''Não, ela chegou desde o primeiro momento que vi você. Por isso nunca deixei de te amar.''
Ele dessa vez só segurou na mão dela. Mas ele estava realmente curioso em saber porque ela viria uma estrela dentro dele. Ele realmente se esforçava para entender.
-''E eu amo o seu jeito louco de fazer analogias sobre o amor.''
Ela parecia séria. Só parecia.
-''Não é louco, é real. Você brilha pra mim, por causa da estrela que está em você.''
Ele então virou o rosto dela, para ele.
-''Que estrela é essa que você tanto fala?''
Ela dessa vez sentou-se. Olhava para os pés novamente, para sentir a segurança sobre as palavras.
-''Essa estrela que você tem aí, é o meu coração.''
Ele ficou sem saber o que dizer, diante daquela frase. Ele suou naquele instante, ele também sorrio, mas logo ficou sério. Ele também mordeu a língua. Isso tudo em 5 segundos.
-''Eu.. Eu.. Nem sei o que dizer! Não, eu sei sim. Eu amo você. Amo até mais que todas essas estrelas.''
Ela ainda olhava para os pés, e sorria.
-''Todas essas estrelas são meu amor por você.''
Ele só a abraçou. Foi a primeira coisa que pensou. Falar talvez não fosse o suficiente. Queria sentir o calor dela, sobre o dele.
Ela estava corada, e se sentia estranha. Se sentia amando como nunca. Enquanto o abraçava disse:
-''Sinto a sua estrela aí dentro, brilhar.''
Ele disse ainda a abraçando:
-''E eu sinto a sua também.''
Se soltaram, ela perguntou:
-''Que estrela?''
E ele com o rosto corado respondeu:
-''A que acabei de deixar em você, depois desse abraço. Que equivale ao meu coração.''
Ela só deixou as lágrimas caírem. E caiam sem parar.
Aquelas lágrimas nunca haviam brilhado tanto.

O amor para eles era como o brilho das estrelas. Um brilho imensurável, e enquanto estivesse aceso, estaria seguro.
Amor é bem como uma estrela. Sem um formato definido, ou imagem que possamos ver completamente, ou até mesmo uma coisa que nunca vamos poder saber há quanto tempo chegou. Só sabe-se que não vai embora, e não vai apagar tão facilmente.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Expressões não quer dizer muita coisa.


Sentados um ao lado do outro, eles refletiam o que queriam.
Refletiam, e também tentavam ensaiar periodicamente o que dizer um ao outro de uma maneira menos sem noção o que sentiam.
Ela estava calada, e sua boca estava seca. Ela tinha medo até de molhar os lábios, pois cada movimento era uma deixa. Apesar do nervosismo, ela estava plena, pois sabia que ele também tinha algo a dizer-lhe.
Já ele? Ah.. Ele estava calmo, sereno e com um sorriso de ponta a ponta. Um sorriso que só ele possuía, de um jeito que só ele sabia cativa-la. Dá pra imaginar aquele sorriso que começa do lado esquerdo, e vai se esquivando pro lado direito,como não quer nada, e acaba tirando toda a sua atenção do resto do mundo? Se você conseguiu imaginar, deve estar se sentindo da mesma maneira que Luiza sentia-se.
E o pior de tudo, ou talvez o melhor, era que ele sabia que tudo isso mexia com ela. Ele tinha a certeza que tinha efeito sobre ela, e o que mais deixava ele seguro era isso.
As vezes isso pode parecer tão ruim, quanto um amor mal resolvido. Mas por outros carnavais, sentir esse poder é legal. E sentir esse domínio de outra pessoa sobre você, também é confortante quando você também sabe que pode dominá-lo, o problema é que não tem coragem de suprir isso.
Enquanto milhares de coisas passava-se pela cabeça dos dois.Ela decidiu falar, mesmo com a boca seca as palavras ousaram sair.
-''Murilo, talvez agora você pudesse me mostrar aquela carta''
Ele só esperava essa atitude. E foi pegar a tal carta.
-''Aqui está. Está pronta para abri-la?''
Ela soava meio constrangida, mas ao mesmo tempo confiante.
-''Não.''
Ele sorrio sem culpa. E pegou na mão dela.
-''Seu nome deveria ser insegurança e não Luiza.''
Ela fez uma cara de desaprovação para ele, mas soou como brincadeira de melhores amigos. Isso mesmo, eles eram amigos a muito tempo. Nunca haviam se beijado, e nem se declarado um paro o outro. Era apenas uma amizade de longos e fieis anos.
Ele interrompeu o sorriso e disse:
-''Não entendi, esse teu não com tanta clareza.''
Ela parecia séria.
-''Eu realmente estive curiosa esses dias, para saber a quem você pretende entregar essa carta com palavras tão seguras, as quais você falou pela semana inteira.. Mas se quer saber agora não tenho a mínima vontade de lê-la.''
Ele fez um sinal com a sobrancelha de quem não estava entendendo nada. E logo disse:
-''Você é extremamente louca. Não, não.. Você é bipolar. Passou a semana inteira me infernizando para saber a quem eu me referia na carta de ''palavras sinceras e certas'' como você mesmo fala. Me pede para ver, e agora diz que não vai lê-la? Ah vai sim. Nem que eu leia para você.''
Ela não fez nenhuma expressão após aquelas palavras irônicas dele. Mas respondeu rápido, depois dele terminar de falar.
-''Ah, quer saber mesmo? Eu não quero ler. Sei exatamente o que você escreveu aí dentro. E imagino a quem entregará. Deve ser no mínimo alguma menininha fútil, sem cérebro, que usa roupas coladas no esqueleto que ela provavelmente possui. Gosta de músicas que tocam todos os dias naqueles programas de exposição da vida alheia. E não gosta de literatura. Pronto, já é o bastante pra mim.''
Ele gargalhava enquanto ela falava, e isso a irritava. Era visível, pois ela estava terminantemente corada.
Ele sobre as gargalhadas disse:
-''Você me faz ter crises de riso com toda essa sua política sobre as meninas que nos rodeiam. Aliás, que me rodeiam.. E que você morre de ciúmes, mas não admite.''
Ele podia ver as pupilas dela arregalando-se de raiva e imprudência. Por instantes ele teve medo, mas depois gargalhou.
Ela levantou o dedo indicador, e pôs sobre o rosto dele.
-''Como ousa dizer uma baboseira dessas? Como ousa.. Mas.. Você é mesmo um imbecil. Sempre se acha lindo o bastante pra ter todas que te rodeiam né? Pois fique sabendo, que nunca tive ciúmes de você. Nem nunca vou ter. Ah.. Faça-me o favor Murilo.''
Ela estava totalmente fora do eixo. E aí vem aquela história do começo. A história do poder que ele tinha sobre ela. Agora era irritante, não era mais nem um pouco confortante.
Ele então decidiu pegar nas mãos dela. Totalmente imbecil esse ato dele. Pois saibam, que nunca se pega nas mãos de uma garota, que se sente acanhada com alguma situação.
Mesmo assim ele pegou.
Os olhos dela arregalaram-se e o coração palpitava. Ele sentia o suor nas mãos dela, então ele parou de sorrir. Pegou a carta da outra mão dela, enquanto ela só ficava sem entender o que ele fazia.
-''Você não vai mesmo ler? É uma pena mesmo.. Pois passei a semana toda, imaginando como seria a sua reação quando a lê-se.''
Ela estava sem nenhuma expressão como de costume. Só disse:
-''Ainda não entendo, porque você quer tanto saber minha reação''
Ele soltou as mãos dela, e pegou a carta.
-''Além, de você ter enchido a minha paciência querendo saber o que tinha aí, eu pensei que sei lá. Você sempre esteve ao meu lado, e sempre deu sua opinião em tudo na minha vida. Pensei que dessa vez não seria diferente, mas se é. Tudo bem, eu não vou mais entregar a carta.''
Ela agora fazia uma expressão. Uma expressão de indagação.
-''Como assim? Porque não Murilo? Você estava tão ansioso.. Me desculpe certo? Não queria me exceder. É que você me tira do sério, sem nenhum porquê.. Besteiras minhas. Prossiga com a carta, falo sério.''
Ele parecia bem desanimado agora.
-''Não, agora já não tem pra que.''
Ela pegou a carta da mão dele, e abriu. Mas quando ela ia lê-la..
-''ESPERA LUIZA! Não leia agora.''
Ela parou, olhou pra ele e falou:
-''Ué, mas porque não?''
Ele simplesmente pegou a carta da mão dela tão rapidamente e rasgou em pedaços.
Ela ficou alí espantada, com o que via.
-''Murilo? O que foi isso agora?''
Agora era ele que suava, e que sentia aquela sensação de que alguém tem um poder sobre você, mas pior ainda.. Nem sabe que tem esse poder. Só tem. É uma questão de ação e reação. Química pura. E agora os papéis se trocavam, quem suava nas mãos era ele. Quem falava era ela.
-''Murilo.. Eu odeio quando você faz essa cara. Começa logo a falar o que foi isso.''
Ela sentia aquele poder trocar de lugar. Mas ela não mudou a expressão, ela nunca mudava.
Ele chegou perto dela, com um dos pedaços da carta na mão e entregou. Só entregou e foi embora.
Ela olhou para ele, séria. Mas esperando uma resposta que a convencesse que aquela atitude tinha sido de alguém normal.
Ele se afastava dela, e ela não ousou chama-lo. Quando ele foi embora, ela sentou-se num banco que alí estava e percebeu que estava com um pedaço da carta na mão.
Olhou para o pedacinho da carta, e decidiu ver o que estava rabiscado. Conseguiu ler algo como:

''Essa semana foi difícil, pois procurei em todos os livros de Machado de Assis, algo que a fizesse entender o quanto a amo. Mas como de costume, não achei nada. Só sei que é você.

Amo você, sua inexpressiva.
Ass: Murilo.
Para: Luiza.''

Ela leu aquilo, e pela primeira vez reagiu imediatamente, não ficou sem expressão dessa vez. Agora a face dela mostrava algo como: ''Eu sou a garota mais imbecil do mundo, como não percebi isso antes?''
Então ela só ficou alí, esperando ele voltar. Porque ela sabia, que ele ia voltar.
E pode apostar que ele voltou com os outros picados que fez da carta.
Voltou com o sorriso mais amarelo que ela já tinha o visto.
Voltou sem o poder sobre ela. E ela alí sentada, também sem poder algum, apenas com expressão de boba.
Ele sentou-se ao lado dela e disse:
-''Finalmente a vejo com alguma expressão imediata. E foi a única e melhor expressão que a vejo até hoje. Completamente apaixonada.''
Ela riu, e dessa vez só riu. Abaixou a guarda e deixou ele a beijar até as expressões mudarem.
E creio eu que não iriam mudar durante muito tempo.





Uma bolha em forma de fogo.


Quente como um fogo que acaba de acender.
Um fogo que exala essência.
Uma essência que só ela tem, uma força que só ela consegue tirar dos outros.
A palavra que mais me lembra os olhos dela é conforto.
Mas você se engana, se pensar que é um conforto comum.. É mais como um conforto autodidático.
Sinto a fervura de toda a maneira dela sorrir, a maneira mais linda de sorrir é a dela.
Parece um texto apaixonado, mas o fato é que sou apaixonada por ela mesmo.
Sou apaixonada pelo modo dela falar com o mundo.
Por ser tão reluzente e amiga, amiga de todas as formas que você pense em pensar.
E o que mais faz ela ser tão totalmente fora do conceito.. É que ela é mulher.
Mas não só pelo fato de ser do sexo feminino. Não mesmo. Mas sim pelo fato dela ser uma mulher de verdade, daquelas do tipo que é totalmente decidida, e doce, e ao mesmo tempo sensual.
Sensualidade que transborda pelos seus olhos, boca e coração.
Já viu alguém mostrar sensualidade pelo órgão mais complicado do nosso corpo? Pois ela exala sensualidade. Ela consegue tirar só o melhor de você.
Cuidado pra não se apaixonar por ela também, porque não é fácil fugir de tanto fogo e tanta doçura.
Das coisas que escrevi, ela é a mais exótica de todas. Mas é a mais fácil de descrever, porque a amo demais.