quarta-feira, 27 de abril de 2011

Anéis.

Meus dedos buscavam os seus
Os seus não estavam atrás dos meus
Meus dedos continuaram soltos
Ganhei novos anéis e esqueci teus velhos dedos
Não estou mais à procura do teu polegar
Me bastam meus anéis.


segunda-feira, 25 de abril de 2011

Alienados da segregação social.

Sou indignada. As vezes pareço cômica de tão indignada que sou.
Mas é como se eu devesse me sentir assim, como se fosse uma causa já sentir-me de tal maneira.
Sou também daquelas que gosta do que não é comum. Do que foge dos conceitos da sociedade, gosto da contra-cultura. Dos maus modos, dos maus gostos.
Admiro os cultos, e os loucos. Loucos de ponto de vista.
Loucos de alma, e loucos de pedra.
Pessoas estranhas me atraem, pessoas assim me transparecem pureza e abundância de conhecimento.
Alternância de pessoas pra mim é necessário.
Vale salientar, que não sei lidar com as mesmas. Não sei demonstrar afeto.
E se sei, é pouco. É coisa de louco.
Sonho com barbas, e tatuagens.
Barbas são totalmente grotescas, e me passam imagens e sons do interior do ser humano.
Aliás, a alma me transparece uma barba.
Adoro barbas. Barbas são legais.
Barbas são essenciais.
Juro que não sou louca.
Na verdade sou só um pouco insana.
Devo ser mesmo, pois sou uma adolescente de 17 anos, totalmente em crise com minha sociedade do séc XXI.
Uma sociedade alienada.
Jovens esqueceram do poder que tem, do que podem fazer.
Esqueceram das artes, da música verdadeira.
Esqueceram de Chico, Milton e Renato.
Será que esqueceram, ou que nunca souberam?
É triste. Talvez a louca nem seja eu.
Talvez a loucura esteja na porra da sociedade.
Não culpo a democracia. Culpo os próprios cidadãos, de não conhecerem sua história.
É, acho que sou insana.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Estada eloquente.

Fiz-me inverno.
E se eu almejar ser primavera?
Com suas flores, cores e perfumes intermináveis.
Já não me excita tanta doçura...
E se agora o almejo é outono?
Caíndo folhas sem parar, laranja sem fim.
Já me dói a mesmice.
O almejo mudou-se para o verão.
Calor, júbilo, contentamento.. Tanta junção de corpos.
Já me assusta a efusividade.
E me basta o inverno.
Solidificado, culto, insípido e com toda sua indiferença atemporal.
Com gotas reservadas.
Depois de passar por todas as estações, acho que fico com o meu inverno.
Insensível inverno.

Joaquins e Filomenas


Joaquim: "Sabes o quão sinto?"
Filomena: "Analiso..."
Joaquim: "Analisa?"
Filomena: "Analiso você, e sei"
Joaquim: "Hum.. Diga"
Filomena: "Os ponteiros do relógio sabem"
Joaquim: "Pergunto para eles?"
Filomena: "Deveria?"
Joaquim: "É necessário?"
Filomena: "Não"
Joaquim: "Então, só me abrace"
Filomena: "Só se você dizer o quanto sente"
Joaquim: "Você não disse que sabe?"
Filomena: "Ouvir isso, nunca vai ser crime"
Joaquim: "Eu te amo, pouco. Amar é bem mais que um eu te amo"
Filomena: "Não foi o suficiente"
Joaquim: "Nunca vai ser, por que não tenho como exprimir"
Filomena: "Eu sabia desde o começo. Bobo"
Joaquim: "Amo, quando me chama de bobo.. Tá aí.. Acho que é isso pra mim. O amor"
Filomena: "Ser chamado de bobo?"
Joaquim: "Não.. Sentir esse calafrio pelo corpo, e o brilho nos olhos quando escuto você pronunciar essas palavras para mim..."
Ela baixou a cabeça, ressentiu.
Ele levantou seu rosto, delicado.
Ela sorrio. O brilho do sol adentrou. A brisa continuou.
Se olhavam.
E era almejado. Esperado.
Básico como o vento.
E se já eram sinais aqueles olhares,
Que viriam dentro da alma,
Em busca de amor.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Cristais de culpa.

Me perco em meio a minha própria geleira.
Não derrete.
Vulcões de todo tipo
Já ousaram derreter esses cubos que predominam em mim.
Nenhum resultado foi suficiente.
Culpa dessa temperatura abaixo de 0º
A culpa é toda minha
A culpa foi de quem me congelou
A culpa é do gelo
O gelo é culpa minha
A culpa não é de ninguém
A culpa é da chuva
A chuva é culpa das nuvens
As nuvens não são culpa minha
São culpa do céu
E o céu é culpa da vida
A vida me entorpeceu
Me solidificou
E me tolheu
A culpa é finalmente, da própria culpa.

Falsidade benigna.

Junto de você eu fiquei.
Abraçamos os nossos compromissos.
Fizemos amor como se respirássemos
Exaltamos a paciência de querer o outro
Funcionou, e hoje sinto que a solidão ficou para trás
Atrás de nós.
Na frente de todos os arrependimentos, ficamos.
Extraímos nossos corpos de todos os males que nos rodeiam
Felizes.
Aliviados.

E eu estou mentindo, pois este poema é uma farsa.
Inventos de meu pscicológico frustrado.
Mas quem nos proíbe de imaginar?
Inventar sentimentos que não nos submetem.
Exatidão sem culpa.
Deixei-me fingir que sinto,
Já que não tenho o talento de sentir.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Vazio como quiseste.

Pegaste em minha mão.
Abriu meu coração
Mergulhou dentro de minha vida
Como se não tivesse expectativa alguma
Falou em meu ouvido coisas lúcidas para um bêbado
Me deixou atordoada quanto ao sentimento
Nem deu-se ao trabalho de chorar
De chorar por não nadar com a correnteza dentro do meu coração
Apenas senti-me alheia.
E o que posso dizer de você?
Justamente o que não posso.
Absolutamente, por que não disseste nada.

domingo, 17 de abril de 2011

Exalo o alfabeto.

Cômico é a maneira, como sinto-me aliviada.
Aliviada por descarregar minha ânsia de vômito, minha raiva, angustia, e solidão
Sob um trilhão de palavras.
Alívio para mim é semelhante à literatura.
Gostaria de respirar palavras, comer palavras e sonhar com palavras.
Pra mim, é uma droga. Viciante.
Totalmente dependente.
Dependente no mínimo de três versos.
Ou de 5 sonetos por dia.
Alimento-me mais de contos, do que de comida.
Choro o alfabeto.
O alfabeto me tem.
Obrigada literatura.

Onde estão minhas linhas de tempo?

Fim.
Meio termo.
Meio.
Começo.

É de trás pra frente, que corre minha vida.
Corre, de costas.
De costas está.
É relativo, correr de costas.
Pode parecer mais agradável.
Agradabilíssimo estar de costas.
Continuarei de costas para a vida.
E continuarei repetindo as palavras, repetindo as palavras.

Cronômetro verde.

Soltem as flores
Deixem-as exalar o perfume que possuem
Deixem-as colorirem o mundo
Deixem que os pássaros cantem, e vôem sob o céu azul de toda manhã.
Permitam a felicidade da natureza, adentrar sob seus olhos, e chocar seu coração
Diga sim, para o sol que brilha com tanta facilidade e talento.
Apenas inspire o oxigênio das árvores...
E deixe a inocência que a natureza transparece, tomar conta de sua alma por instantes.
Garanto que serão os instantes mais eternos de sua vida.
Temo que não possa mais ver, sentir, admirar todas essas maravilhas...
Sinto-me com pouco tempo. Tempo curto. Falta de tempo. Tempo que não existe.

Jazidas de barro.

Sinto-me deslocada em certos momentos de minha sã consciência.
Meu cérebro, deixou de adquirir afeição as pessoas em volta.
Acho difícil, me sentir envolvida com, ou por alguém.
Sinto-me mais absorvida que deslocada
Sou assim, por que já me dei demais.
Já absorveram amor de mais de mim.
Sequei.
Tudo que enche, seca.
E tudo que seca, tende à criar rachaduras.
Rachaduras, machucam.
Dizem que é fácil encher tudo novamente.
Não acredito nessa teoria. Pelo menos comigo, não seria tão fácil de aplicar.
Espero que deixem a secura permanente, sempre em mim.
Não sei se quero permitir que molhem.
Além de seca, pretendo ser quente.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Arquitetando lamentações.

Me faltou talvez o complemento.
A voracidade de um ser.
A paciência de prosseguir.
Juntamente com a essência de perdoar.
Analisando os fatos, que me prosseguem
Concluí, que o meu tormento é meu próprio parecer.
Tormento de dia, vem como brisa momentânea, ao balançar meus cabelos em direção ao meu rosto.
Tormento de noite, me aparece como escuridão.
Escuridão que me leva à sonhar.
Sonhando com o impossível
Impossível que me vem aos olhos, quando acordo
E vem o vento balançar novamente meus cabelos
Ao som dos passarinhos que cantam, como se quisessem me ofender
Tormento que vem de mim
Aproveito para esclarecer-me, das fontes de mal pensar que construí
Construí com dor, mas com orgulho.
Meus próprios defeitos, que agora me fazem perseguidora de mim mesma.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Outono chegou, prepare-se.


A falta que faz amar, é sufocante

Sufoca a alma

Atrasa.

É como beber água, sem ter sede.

É sede. Sede de sensações.

Sensações, estações.

Das estações, essa é o outono.

As folhas caem, só caem. Ninguém pode segurá-las.

O vento ajuda, e o sol é apenas telespectador.

A árvore, é o corpo.

Corpo pesado. Pesado de viver.

As raízes partiram-se, e a água...

Ah, a água... Para onde foi?

Dessa vez sente-se sede.

Dessa vez ela está em falta.

Falta amar. Falta água também.


quarta-feira, 6 de abril de 2011

A boina e o salto.




O salto havia quebrado no meio da rua. Ela não estava acreditando.
Era o sapato favorito dela. O melhor, o mais caro.
Sentou-se no banco mais perto, e tentava consertar de alguma maneira.
Como ela iria encontrar com ele desse jeito? Um pé acima de 6 cm e o outro abaixo.
Mancando como uma doente? Jamais falaria com ele desta maneira.
Precisava comprar um urgente. Nem que fosse um chinelo. Um chinelo meigo.
E com um laço pelo menos.
Foi até uma loja de sapatos que estava perto. Uma loja 'tem de tudo' na verdade.
Achou um que nem era tão feio. Foi até o balcão para pagar.
-''Vou levar este aqui.''
O vendedor estava de costas para ela. Usava uma boina cinza. Ela tinha analisado isso.
Ele virou. Ela se surpreendeu com os olhos dele. Continuou séria.
Ele mastigava uma goma.
-''É 20.''
Ela olhava pra boca dele.
-''É.. Tá aqui.''
Ele pegou o dinheiro, e cuspiu a goma no lixo perto dele.
Sorriu para ela.
-''Aqui seu troco.''
Ela guardava o dinheiro na bolsa. Quando o celular tocou.
-''Alô?''
No outro lado da linha, o cara que ela tinha tanto medo de fazer feio.
-''Como assim? Você não vai? Mas.. A gente já havia combinado isso a dias...''
O vendedor sentou-se em sua cadeira, e lia uma história em quadrinhos. Na verdade fingia ler. Olhava para ela desesperada ao telefone. Olhava por cima da revista.
-''Ah tudo bem.. Eu já ia ter que desmarcar também.. Estou saindo agora com as meninas, vou à uma boate... Ok, a gente se fala.''
Ela deu um grito na loja. Sorte, só havia ela e o vendedor.
-''Tudo bem seu cretino, eu nem queria mesmo me encontrar com você.''
Olhou para o vendedor, colocou a sandália sob o balcão.
-''Quero meu dinheiro de volta.''
Ele olhou para ela.
-''Sinto muito, não pode devolver a mercadoria.''
Ela estava com ódio. Estava vermelha.
-''Mas como não? Eu nem a usei! Não quero esta porcaria. Nem de couro legítimo é. Exijo meu dinheiro de volta.''
Ele muito calmo, apontou para uma plaquinha que estava atrás dela.
Estava escrito: ''Não aceitamos nenhum tipo de devolução.''
Ela abriu a boca, estava quase gritando novamente, quando ele levantou da cadeira, apoiou os dois cotovelos sob o balcão e disse:
-''Antes que comece a gritar como uma porca novamente, acho melhor calar-se e sair da loja, antes que eu chame a polícia.. Não vai querer ir tão cedo pro manicômio não é? É muito bonita pra isso.''
Ela apoiou os cotovelos sob o balcão também
-''Como ousa me chamar de porca? Olha pra você. Aí do outro lado desse balcão, com essa boina de 5ª categoria, e lendo uma revista em quadrinhos... De...''
Ela tentou olhar a revista, para saber sobre o que ele lia, e assim usar contra o mesmo.
Mas ele foi mais rápido e colocou em cima do balcão para ela não se esforçar para tentar ler.
-''O massacre em Silent Hill? Pelo amor de Deus! Eca.''
Ele riu.
-''E desde quando patricinhas sabem o que é revistas em quadrinhos?''
Ela levantou uma das sobrancelhas.
-''Eu pelo menos, sei. Leio desde criança seu grosso. Essa aí, é muito mal escrita, e os desenhos são uma droga.''
Ele gargalhou. Fechou a revista.
-''Ah claro! Sei... Por favor porquinha.. Ops! Senhorita, preciso trabalhar.''
Ela falou alto dessa vez.
-''Como é que é? Aí já é demais meu querido! Pode saindo, vamos até a delegacia.''
E foi até o outro lado do balcão, o puxava pelo braço. Ele nem se mexeu.
-''Delegacia? Por falar a verdade? Não sei se isso é crime. Você que devia estar no manicômio. Me solta!''
Ela parou. Estava na frente dele.
-''Levante-se agora! Não pode chamar uma lady de porca. Seu grosso. Você é um grosso.''
Ele riu. E levantou.
-''Tá, vamos até a delegacia.''
Ela sorrio. E bateu palmas.
-''Ah vamos! Você tem que estar preso.''
Ele pegou o casaco dele.
-''É, precisam saber que tem uma porca andando por aí, querendo devolver mercadorias por nada.. Gritando no ouvido dos cidadãos trabalhadores.. Isso é um perigo para a humanidade..''
Ela expressava ódio novamente, e o pegou pelo braço.
-''Isto eu não vou tolerar! Seu... Seu.. Como ousa?''
Ele só gargalhava.
-''Pode por favor me deixar trabalhar agora?''
Ela sentou na cadeira dele e com uma expressão de mandona disse:
-''Não.''
Ele olhou para ela, e fez um sinal para ela levantar.
Ela continuou sentada. Ele arregalou os olhos.
-''Não vou levantar. Nem adianta.''
-''Você quer um beijo para levantar?''
Ela levantou imediatamente.
-''Pelo amor de Deus, nunca! Já disse que sou uma lady. Você é nojento, e essa sua boina te deixa patético.''
Ele ajeitou a boina na cabeça.
-''Acho que está apaixonada pela minha boina. Não quer que eu lhe dê?''
Ela suspirou com ar de indgnação. E foi para o outro lado do balcão.
-''Acho que já está na minha hora, já joguei conversa fora demais com um cara como você.''
Ele foi até ela, e segurou sua cintura.
Ela tentou tirar a mão dele.
-''Um cara como eu? Tipo.. Um cara que te deixa sem ação? Ou um cara pobretão que lê quadrinhos como você?''
Ela ficou sem palavras.
-''O pobretão aqui mexeu com você?''
Ela olhou para ele.
-''E por que mexeria? Odeio boinas só isso.''
Ele gargalhou. A mão ainda estava lá. Ele tirou a boina, e colocou na cabeça dela.
-''Olha só, agora você está com cara de lavadeira. Ficou linda.''
Ele ria. Até demais.
Ela tirou a boina imediatamente, pegou a bolsa. E estava saindo, mas ele não deixou.
-''Aonde você acha que vai? Ainda mais com minha boina em mãos.''
-''Vou à delegacia. Acha que me esqueci dos insultos? E agora atentado ao pudor!''
Ele estava com um sorriso pregado no rosto.
-''Espere, antes de ir acho que precisa de mais uma queixa sobre mim.. Vai que essas aí são poucas?''
Ela virou com uma feição de desprezo.
Ele a puxou pelo braço e a beijou. Ela tentou sair, mas ela queria.
O casaco caiu no chão, a bolsa também. O celular tocava, e eles estavam derrubando as mercadorias.
O beijo durou minutos, e estavam quase tirando a roupa um do outro. Quando alguém entrou na loja.
Os dois pararam, ela descabelada, ele sem jeito. Olharam para a porta.
Era uma mulher, com uma criança.
Ela olhou para os dois, tampou os olhos da criança e saiu da loja.
Ela olhou para ele, e riu. Os dois riam.
Ele pegou a boina e colocou nela. Ela puxou ele para trás do balcão.
Eles caíram no chão. Em meio à tantos beijos ele disse no ouvido dela.
-''Desculpe por te chamar de porca. Você está mais para leoa.''
Ela gargalhou e disse:
-''Cala a boca, antes que eu me arrependa de estar atrás de um balcão com um vendedor de olhos azuis.''
Eles ficaram alí. Não preciso dizer que roupas rolaram certo?
E depois? Depois, é depois.
A menina de salto, e o cara de boina.
Nada. Ou talvez tudo. As diferenças se completam.
As diferenças são como as moléculas de carbono.
Queimam.