terça-feira, 27 de setembro de 2011

O falso silêncio das pálpebras e digitais.


E ele colocava as mãos sobre as minhas, tentando fazer com que eu conseguisse entender o que ele queria me dizer com os olhos.
O rosto dele deitou-se agora, no meu ombro esquerdo.
Não parava de pensar, no que ele poderia estar pensando.
As nossas mãos estavam geladas, e ao mesmo tempo em que eu tentava sorrir, ele tentava abrir os olhos.
Não sei dizer, se ele estava com medo ou se só queria dormir...
Não sei me dizer, se quem estava com medo na verdade, era eu.
Acho que as mãos suadas, eram de insegurança.
A insegurança que eu senti nos olhos dele. Mas não senti, quando ele deitou a cabeça em meu ombro.
Não senti, por que não sei.
Só sei, que eu não quis mais abrir os olhos.
As mãos juntas já bastavam por aquele momento.
E foi assim, que eu não soube mais dizer, nem abster tudo por ele.
Por que sinceramente.. Eloquentemente, acho que o amo.
Acho, mas amo.
E quando chegar o dia em que ele tocar minha mão pálida, e ela não mais transpirar...
Então eu paro de achar.

domingo, 11 de setembro de 2011

Laranja

Amargura
Da minha gula
A minha dúvida
Amargas são minhas dúvidas
A minha falta de sentir 
De sentir que não há mar
Por que não há amor sem dois
Dois são um
Um é metade
Metade não é só uma parte da laranja
Por que uma parte não se é
E amarga ela é
A laranja amarga
A minha falta amarga
Amarga a amargura da minha coragem
Laranjas.

Já não sou mais

É essa dor, que me leva pelos dias.
Que estraga meu sorriso amarelado.
Amassa minhas mãos com o passar do tempo
Faltando a minha própria coragem.
A coragem de desistir, talvez não exista mais
Não existo sem meus sonhos
Não aguento, não suplico por que não quero que vá.
Quero que vá a dor, que insiste em permanecer grudada nas veias
A saudade nessa altura deve ser o que menos dói
O que dói, é a incerteza... A lamentação do amanhã.
Ah, por favor preciso respirar, só respirar
Sem nada mais
Sem nenhum passarinho a cantar... Só quero o ar.
Preciso um pouco mais de mim, por que já preciso mais de você.
Não sou eu, sem mim.
Mesmo que você seja eu.

domingo, 4 de setembro de 2011

As asas que ainda não cantaram.

Abraçou a roupa no varal, como se quisesse sentir o perfume do sol.
Soltou os cabelos em forma de concha.
Não quis fechar os olhos.
Só quis admirar as nuvens daquela tarde.
A grade a impedia de atravessar o horizonte, mas ela ainda queria mais.
A vida não é só os passarinhos cantando em tom de lirismo.
A vida ainda não era o suficiente para ela.
Queria o infinito de todos os cantos, queria a imensidão do ser, ao mostrar-se para o vento.
E o vento, o sol e os pássaros ainda iriam conhecê-la.
Ainda iriam trazer as boas novas daquela tarde.
As boas novas da trajetória que estava prestes a escrever... Como num conto.
Como numa crônica de si mesma.
As linhas que iam ser preenchidas de lirismos de passarinhos sem medo de voar.
E o horizonte sem grades dessa vez, era o seu sol.

Eloquente.

A: - Tem medo?
B: - E quem não tem?
A: - Suporta perder?
B: - Não.
A: - Nem eu.
B: - Perder o que a gente não tem é pior ainda.
A: - Perder o que a gente nunca vai ter.
B: - Não ter o que a gente só pode perder.
A: - Você.
B: - Ahn?
A: - Você. O que eu nunca vou ter.
B: - Nós, o que nunca vamos ser.