sexta-feira, 30 de março de 2012

Nuvem/Chuva.


- Essa chuva está me matando.
- Seu silêncio também me mata, e nunca morri.
- O que quer dizer com isso?
- Deixe de frescura com essa chuva, e assuma seus erros!
- Mas..
- Xiu.. Silêncio!
- ...
- Viu? Ainda estou aqui.
- Não te entendo.
- E sempre vou estar, por que sou idiota o bastante.
- A chuva ainda não parou...
- Nem você.
- ...
- Sempre será frio como as gotas que me tocam agora. E é exatamente por isso que vou ser sempre doente ao teu lado.
- Então só.. Vá.
- Sou nuvem.
- ...
- Aonde que chove sem nuvem?
- Não conheço ainda.
- Então, assim que é. Só deixe chover...

quinta-feira, 29 de março de 2012

Do tipo, dos 100 tipos.

Sabe quando bate aquela angustia?
Não?
Então você não sabe como é ter seu coração contraído.
Parece que vai sangrando dentro de você... E o sangue se transforma em lágrimas.
Nem sei de onde vem essa angustia que bate, que esmaga, e arrasa... Talvez se eu soubesse, não saberia.
A cada instante da minha vida, eu tento ter força, lutar pra não me deixar levar.
Sou do tipo, dos sem tipo. Dos sem rumo, dos sem medo... Ah não.. Eu tenho medo!
Eu tenho medo de não ter medo!
Eu tenho medo de não poder concluir...
De não ser o suficiente pra mim mesma.
O que vem afinal?
O que vai?
Pra onde?
Essa é uma pergunta, que se tivesse resposta absoluta, não faríamos de nós seres errantes e humanos.

quarta-feira, 21 de março de 2012

O afago de um beijo.


- Volta aqui!
(A puxando pelo braço esquerdo.)
- O que você quer agora?
(Olhar ameaçador.)
- Seja sincera comigo.
(Sobrancelhas levantadas.)
- EU NÃO QUERO MAIS!
(Gritando.)
- Grite mais alto.
(Em tom severo.)
- EU NÃO QUER...
(Puxada pelo braço, ele a beijou.)
- Ainda não quer?
(Sorriso de lado.)
- NÃO!
- Tem certeza? Você parecia gostar...
- Nunca gostei.
- Você é mestre na mentira.
- Sou.
- E ainda assume.
- E você é mestre na insistência de algo que não vai acontecer.
- Se realmente não fosse acontecer, por que deixou eu te beijar agora?
(Sorriso.)
- Você.. Não.. Me.. Deixou.. Outra.. Opção.
(Gaguejando.)
- Não fique nervosa.
(Risos.)
(Ele ainda a segurava pelo braço.)
- Só... Pode tirar suas mãos de mim?
- Somente?
- O suficiente.
(Ele soltou-a.)
- Pronto.
- Agora já posso ir.
- Vá.
(Ele contraiu a boca.)
(Ela arregalou os olhos.)
- Como é que é?
- Oi?
- Você só pode ser LOUCO!
(Corada de raiva)
- Preciso rir.. Só um instante.
(Gargalhadas ecoavam, enquanto ela estava séria como nunca.)
- Já deu pra mim. E a propósito.. Você tem mau hálito.
- Anh?
- É isso mesmo.
(Debochada.)
(Ela já havia dado as costas.)
- Volte aqui, mocinha.
(Ela olhou pra ele com cara de nojo.)
- Me chamou de que?
- Pare com essa cena de menina difícil, sei que gostou do meu mau hálito.
- Nem vou responder.
- Sei que não quer falar.
- Ainda bem que você se tocou!
(Ele a puxou pelo braço e desta vez ela só ficou olhando nos olhos dele.)
- Deixa eu te mostrar como é melhor ficar calada.

E ele a beijou, de um jeito tão forte e doce ao mesmo tempo.
Ficaram ali por um bom tempo... Entre tapas e algumas mordidas, tentavam se entender, mas o beijo era o ápice.

- Viu? eu sabia que você não queria ir embora...
- Nunca mais, NUNCA MAIS, diga: ''vá''. Quando eu disser que estou indo embora...
- E eu sou o louco..
- Falo sério. Mesmo te odiando com todo meu coração, não quero que me deixe ir.
- E quem disse que eu vou te deixar em paz?
(Falou olhando bem nos olhos dela, e puxando-a pela cintura.)
- Só espero. Não aguento mais falar.
- Vou resolver isso agora.

Beijos, beijos, beijos, beijos.
Eles sempre resolvem tudo, afinal de contas.

Iceberg.


- Me diz, por que você está mentindo?
- Você alguma vez me deu motivos para não o fazer?
- Sua visão...
- Minha percepção.
- Pare com esse gelo, pelo menos uma única vez.
- Por que?
- Você vai acabar morrendo congelada.
- Nunca me destes razões...
- De novo?
- O que?
- Essa desculpa? Me culpar é fácil... Assuma sua incapacidade de amar.
- (Silêncio)
- Seu silêncio é sempre a resposta.
- Não te dou esse direito...
- Não... Fica calada mesmo! Acho a melhor maneira de derreter esse gelo.
- Você realmente acha que está me magoando assim?
- E você se magoa?
- Não.
- Então, só fica aí. Me deixa aqui, por que já peguei meu bote e estou abandonando esse iceberg.
- Bom saber, adoro me afogar sozinha.
- Deveria ter percebido isso desde a primeira vez.
- (Silêncio oportuno outra vez)
- Obrigado pela gripe permanente.
- Disponha.

O máximo

Eu só queria um pouco mais de carinho.
Eu queria um bom dia sincero, um abraço profundo, um olhar quente e verdadeiro, meu cachorro de volta, minha sanidade de volta.
Eu só queria não querer tanto.
Queria um domingo de chuva pra tomar sorvete de casquinha com cobertura de chocolate.
Quero sombra, mas com um pouco de sol entrando pela janela, pra não me fazer esquecer da doçura que pode haver lá fora.
Quero as janelas mais abertas a partir de agora.
Quero um esmalte novo.
Quero um rímel novo.
Quero também um milhão de beijos.
Acho que quero todos os meus amigos do meu lado, como numa noite de pijama.
Quero a verdade ao lado.
Quero, quero e quero.
Nunca vou parar de querer, por que talvez esse seja o segredo da vida. Nunca parar.
Ah... Na verdade eu só quero doçura na minha vida.
Quero chocolates toda manhã também, se possível.
Um pouco de morangos, ok?
Espero que eu seja sempre assim, intensa no meu querer, na minha maneira de nunca esquecer, mas espero também que um dia eu possa controlar minha doença de nunca superar.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Lave-as.

Lave essa vontade de me machucar, que você tem.
Lave essa maneira estranha de me olhar quando sabe que eu quero chorar.
Lave suas mãos sujas de ego.
Mas acima de tudo, lave sua alma antes de derrubar sua angústia em mim.
Não quero ser seu lavabo.
Não vou ser sua pia de mármore.
Então, depois de tudo bem lavado, enxague essa cara suja de mentiras, para eu poder te dizer bem de perto que não sou seu pano de chão.

Falso remetente.

Querida,

Comecei a escrever por que não tenho coragem de falar. Na verdade, não consigo falar.
Nunca fui bom o bastante pra terminar diálogos... E quando escrevo, parece que flui mais rápido.
Só queria te dizer, que não sinto falta dos dias que estivemos juntos, e que nada valeu a pena com você.
Nada do que eu fiz, foi o suficiente pra você me amar, ou me dar amor de volta.
Então só quero deixar claro, que o babaca aqui não chora mais uma gota por você.
Não quero mais que me ligue, ou que me mande mensagens, nem ouse aparecer na minha casa outra vez.
Aquela blusa e os livros, darei um jeito de te entregar, sem ter que ver sua linda face.
E por favor, não me devolva os cartões, queime-os assim como fez com a fidelidade que mentiu ter.
Faz o favor de não aparecer mais frequentemente na sorveteria, só por que você sabe que eu estarei lá.
Aliás, pode continuar indo. Eu não irei mais aparecer por lá.
Deixei essa carta de merda embaixo da tua porta, vê se lê, ao invés de jogar no lixo.
Só não sinta mais o que eu sinto, por favor.
Não me ame, por que quanto mais me amar, mais eu vou.
E não quero, não preciso, e não vou mais te amar.

Agradecido,

O babaca da casa ao lado, que nesse momento está vendo sua bunda sendo fodida por um qualquer, pela janela.

Cuida. Te cuida. Esquece.


- Pare de falar comigo, como se soubesse da minha vida.
- Eu não quis que parecesse isso.
- Mas mesmo sem saber, você sabe.
- Já disse que não quis..
- Não importa.
- Que seja, boa noite, se cuida.
- Não me olhe como se eu precisasse de cuidado.
- Só aceite.
- O que?
- Minha preocupação.
- Não preciso.
- Por isso acho que precisa.
- Só, da a porra do fora daqui.
- Já fui.
- Caralho! Você fode com a minha cabeça!
- Mesmo assim, se cuida.
- Foda-se.

Ô frutas de mim

As pessoas olham pra mim, e acham que me veem.
Mas elas nunca me olharam de verdade... Não sei se sou o que eu sou.
Também nem me conheço, e isso é verdadeiramente, trágico.
Sou tragédia.
Sou um pouco de tristeza.
Eu queria descansar de mim um pouco, quem sabe pra poder viver sem mim.
Ninguém nunca viu minha maçã.
A maçã do meu olhar...
Meus sonhos são as sementes da minha alma, e se eu não regar, nunca vão desabrochar.
Rego-as com minhas lágrimas. Essas sim as pessoas podem ver.
Mas nunca verão as maçãs.
Os frutos de mim mesma.
Sou pequena pra mim, uma confusão para quem conheço
Mas, na verdade, eu só queria comer maçãs.

Pequena.


- Eu só queria ser boa o bastante.
- Você é, pra mim.
- Não.. Isso...
- Não é o bastante?
- O que é bastante?
- Nós.
- Eu queria ser mais do que eu posso.
- Só assim, já é o bastante. Isso.
- Não fale mais disso...
- Deixe de preocupações, pequena.
(Ela abaixou a cabeça)
- Quando você me chama assim, me sinto o bastante.
- Pequena, pequena, pequena, pequena..
(Risos)
- Chega!
- Nunca vai ser o bastante né?
- O que?
- O seu querer.
- E pra você é?
- Só queria tirar sua roupa agora, e te dar mil beijos no coração.
- Não faz assim...
(Corada)
- Ah faço sim...
(Mais risadas)
- Vem cá.
- Tô aqui.
- Vem mais.
- Tá bom assim?
- O bastante.
(Ele fez uma expressão de espanto)
- O que foi?
- O bastante?
- Acho que...
- Não, não diga! Você vai mudar de ideia daqui a um minuto, antes disso eu termino de tirar sua roupa.
- Então comece logo, por que o querer aumentou.
- Não por isso.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Esqueiro sem cigarro.

- Sonhei com esse teu esqueiro.
- Com meu esqueiro?
- Isso.
- Mas.. Por que?
- Não não... Eu, na verdade, sonhei contigo. Só não quero admitir.
- Admitindo ou não, qual a diferença?
- Exatamente isso.
- O que? Não consigo entender seu dialeto.
- A saudade, faz a gente sonhar com o que a gente menos quer.
- Ou com o que mais quer. E não te quer.
- Sempre fostes tão rude... Mas sempre te amei por isso.
- Não sei de onde você tira esse sentimento.
- Nem eu.
- Acho que vou embora.
- Já faz tempo que você foi, deveria ficar dessa vez.
- Nunca vou te entender..
- Nunca vou poder te ter.
- Realista.
- Saudosa, na verdade.
- Corajosa.
- E sem esforços pra tentar.
- É, acho que agora já posso ir.
- Mais uma vez... Pode deixar, eu vou sonhar com seu cigarro dessa vez.