terça-feira, 3 de maio de 2011

Enxugo e esqueço, pois amo.




Ele viu, o que ela fazia.
Ela fazia, e nem se importava com quem via.
Ele foi até ela.
Ela começou a chorar.
Ele a abraçou. Somente.
Não se falaram, só continuaram se abraçando, e respirando.
Ele pegou na mão dela. Ela com a cabeça baixa.
As lágrimas caíam.
Ele segurou agora com mais força as mãos frias.
Ela levantou o rosto.
Ele espremeu os lábios como se quisesse chorar.
Ela colocou uma das mãos em seu rosto.
Fechou os olhos, e disse:
-''Quantas vezes vamos nos machucar assim?"
Ele via a feição de lamento em que ela se encontrava.
E disse:
-"Abra os olhos.''
Ela não queria. As lágrimas pareciam tomar conta do rosto dela. Mas abriu.
Ele estava agora com um lenço nas mãos.
Ela não entendeu.
-''O que isso quer dizer?''
Ele sorriu. Pegou o lenço e pôs na mão dela.
-''Quer dizer, que depois de tanto sangue entre nós, precisamos apenas nos limpar, fechar essa ferida. E deixar que cuidemos um do outro, como só nós sabemos fazer."
Ela olhava para aquele lenço em mãos e não sabia o que dizer.
Então ela o abraçou com tanta força que perderam o ar.
Ele olhou para ela, apreensivo.
Ela passou o lenço sobre o rosto dele e disse:
-''Sei que tenho o poder de te fazer sangrar, mas sei ainda mais, que só eu tenho o poder de curar. Então por favor, não pense que em momento algum eu não pensei em você. Ou que a ferida que deixei em você, vai se propagar. Por que eu não iria deixar, eu não vou te deixar.''
Ele ainda estava de olhos fechados. Tentando não errar dessa vez, por que agora era fatal.
Muita dor, muito sangue já havia sido jorrado.
Então ele abriu os olhos, e a encontrou com lágrimas nos olhos, com um sorriso enorme. E esperando um beijo. Ele sabia que ela só queria isso.
Um toque e fim.
Tudo parecia ter se esvaído.
Mas é assim, quando se ama.
Quanto maior a tempestade, parece que maior é o esquecimento, quando tem-se o desejado outra vez.

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