sábado, 12 de fevereiro de 2011

Um céu, um coração. Uma, duas estrelas.


Paredes escuras eram o cenário em que se encontravam naquele momento.
As paredes eram bem como os olhos dos dois. Como a feição que tentavam esconder.
Apenas olhavam para o céu e admiravam a escuridão.
Ao converter seu olhar para ela, ele então disse com a voz serena demais:
-''Quantas estrelas poderíamos contar esta noite?''
Ela sorriu por segundos. E continuou o olhar firme sob o céu.
-''Acho que não conseguiríamos contar nenhuma. Elas sempre se misturam..''
Ele tentava encontrar uma resposta.
-''Assim como os sentimentos?''
Ela concordou com a cabeça, mas advertiu:
-''Não tão como os sentimentos, é mais como o ser humano.''
Ele sentiu um ar quente subir sobre sua traquéia.
-''Ser humano?''
Ela tinha o olhar concentrado em seus próprios pés. Ela gostava de olhar para os pés enquanto falava e pensava. Achava que assim tinha controle das palavras.
-''Exatamente. Para mim os seres humanos são como as estrelas. Cada um com seu brilho existencial, mais totalmente misturado na imensidão do espaço. Alguns acabam se ofuscando com o tempo, mas ainda estão lá, só não podem mais serem vistos.''
Ele olhava para uma das estrelas que havia no céu e tentava entender aonde ela queria chegar.
-''As estrelas realmente te deixam envolvida.''
Ela olhou para ele com um olhar de aprovação.
-''Sim, mexem comigo. Mexem com você também.''
Ele não parecia entender uma só palavra que ela dizia.
-''Comigo? Porque?''
Ela deitou no chão, achava que poderia se sentir mais livre assim.
-''Te acho parecido com uma estrela como ninguém nunca pareceu, pelo simples motivo de você ser de um jeito e aparentar ser de outro.''
Ele deitou ao lado dela, queria de todo jeito captar a mensagem.
-''Você acha isso? Então quer dizer, que sou uma farsa?''
Ela soltou uma gargalhada bem natural.
-''Lógico que não. É só pelo fato de que você assim como as estrelas, se você olhar bem pra dentro consegue ver coisas que nunca veria a olho nú.''
Ele fez cara de quem não estava entendendo nada a cada palavra que ela soltava.
-''Não estou mais te entendendo.''
Ela virou o rosto dela em direção ao dele.
-''A maioria das estrelas que vemos não são como elas são. Muitas já nem existem mais. Estão muito longe, por isso a informação chega atrasada por aqui. E você é uma coisa por fora, mas eu sei que não é nada disso aí por dentro.''
Ele também decidiu virar o rosto em direção ao dela. Ficaram bem perto um do outro nesse momento.
-''E o que você vê dentro de mim?''
Ela sorrio.
-''Vejo mais uma estrela.''
Ele não queria falar mais uma vez que não estava entendendo nada de nada.
-''A informação chegou tarde demais pra você, assim como chega para nós sobre as estrelas de verdade?''
Ela voltou a olhar para o céu.
-''Não, ela chegou desde o primeiro momento que vi você. Por isso nunca deixei de te amar.''
Ele dessa vez só segurou na mão dela. Mas ele estava realmente curioso em saber porque ela viria uma estrela dentro dele. Ele realmente se esforçava para entender.
-''E eu amo o seu jeito louco de fazer analogias sobre o amor.''
Ela parecia séria. Só parecia.
-''Não é louco, é real. Você brilha pra mim, por causa da estrela que está em você.''
Ele então virou o rosto dela, para ele.
-''Que estrela é essa que você tanto fala?''
Ela dessa vez sentou-se. Olhava para os pés novamente, para sentir a segurança sobre as palavras.
-''Essa estrela que você tem aí, é o meu coração.''
Ele ficou sem saber o que dizer, diante daquela frase. Ele suou naquele instante, ele também sorrio, mas logo ficou sério. Ele também mordeu a língua. Isso tudo em 5 segundos.
-''Eu.. Eu.. Nem sei o que dizer! Não, eu sei sim. Eu amo você. Amo até mais que todas essas estrelas.''
Ela ainda olhava para os pés, e sorria.
-''Todas essas estrelas são meu amor por você.''
Ele só a abraçou. Foi a primeira coisa que pensou. Falar talvez não fosse o suficiente. Queria sentir o calor dela, sobre o dele.
Ela estava corada, e se sentia estranha. Se sentia amando como nunca. Enquanto o abraçava disse:
-''Sinto a sua estrela aí dentro, brilhar.''
Ele disse ainda a abraçando:
-''E eu sinto a sua também.''
Se soltaram, ela perguntou:
-''Que estrela?''
E ele com o rosto corado respondeu:
-''A que acabei de deixar em você, depois desse abraço. Que equivale ao meu coração.''
Ela só deixou as lágrimas caírem. E caiam sem parar.
Aquelas lágrimas nunca haviam brilhado tanto.

O amor para eles era como o brilho das estrelas. Um brilho imensurável, e enquanto estivesse aceso, estaria seguro.
Amor é bem como uma estrela. Sem um formato definido, ou imagem que possamos ver completamente, ou até mesmo uma coisa que nunca vamos poder saber há quanto tempo chegou. Só sabe-se que não vai embora, e não vai apagar tão facilmente.

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