segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Malditos pêlos. Graciosa barba.


Enquanto ela olhava para aquele rosto quadrado que ele possuía. Ele simplesmente coçava a barba que tanto o deixava intelectual ao olhar dele mesmo.
Deitados na cama, um ao lado do outro. Parecia que faltava alguma coisa entre eles.
Ela agora mudou o olhar, estava fixado na barba. Nos dedos dele, que coçavam sem parar aqueles pêlos desordenados, mas que eram tão incrivelmente pretos e originais.
Ele agora parara de coçar os seus pêlos. E a olhava sem ar de questionamento.
Ela deu a mão a ele, como se pedisse esmola. Ele colocou a mão dela sobre seu peito esquerdo.
Os olhares pareciam mortos. Mas esperançosos.
Ela tentou não fazer algo errado. Só colocou a mão que estava sob o peito dele, na barba.
Os olhos dele agora brilhavam. E ele nem havia pretendido se alegrar com um simples toque.
Ela havia fechado os olhos. E apenas tocava na barba. Os pêlos a furavam, mas ela nem se importava, e gostava da maneira que arranhava.
Ele gostava, da maneira que os dedos dela passavam entre a barba dele. Repentinamente ele levantou. Ela abriu os olhos. Ele ainda não falara nada. E nem ela faria o mesmo. Ele só foi em direção ao som, e colocou um CD de 'The Fray' para tocar.
Ela sorrio. Ele Piscou para ela.
Talvez fosse o suficiente para eles deitarem juntos novamente, e fecharem os olhos.
Ela havia parado de tocar a barba dele. E ele agora, tinha almejado dar um sorriso. Mas pensou demais, e só colocou a mão nos olhos dela.
Ela ainda não ia falar. Sorrio.
Ele agora tinha coragem:
-''Sinto que sei que algo fora do comum acontece quando toca minha barba. Só sei que sinto. Quer sentir também?''
-''Só se você não me ver também.''
Ele concordou.
Eles estavam sem contato visual. Mas isso não era muita coisa. Ainda tinham a outra mão. E a respiração, e a audição. Era o bastante. A visão agora era só mais um artifício.
Ele tocava os lábios dela, com um dos dedos.
Ela arranhava os pêlos da barba dele.
Sorrisos agora eram possíveis de serem ouvidos. Mesmo que não pudessem serem vistos, era mais harmonioso escutar.
Chegaram um pouco mais perto. Abriram a boca no mesmo instante. E nem estavam vendo.
Se beijaram com uma força fora do natural. As mãos haviam se esvaido.
A barba dele agora, roçava sobre o rosto dela, e ela sentia uma sensação unicamente artomentadora. Ele deixava que sua barba a tocasse com força porque sabia, o quanto ela amava aqueles pêlos.
Eles continuaram o beijo por uns instantes. E quando acabou, abriram os olhos no mesmo momento.
Um silêncio prevaleceu. Se olharam, e não sabiam o que dizer. O que argumentar, o que demonstrar. Só sabiam que havia sido esplêndido.
Ele olhou para o rosto dela, que estava todo vermelho por conta da barba dele. Ele sorrio.
Ela permaneceu séria. Olhou ainda uns instantes para ele. Para a barba dele.
Levantou e foi-se.
Ele não falou uma palavra sequer. Ele sabia que aquele beijo tinha sido maravilhoso. Mas sabia além de tudo, que ela não o amava mais. Que a força do olhar dela morrera. E que a barba era só um motivo.
Engraçado, ele pensava. Porque ele se achava tão atraente e intelectual por conta daquela barba. E agora era ela o motivo de mais raiva que ele conseguiu encontrar para colocar toda a culpa. Toda a culpa de não ser mais o primeiro. O incondicional e admirado. Era agora só o barbudo que deixava ela vermelha.
Vermelhidão fraca o bastante pra sumir em instantes pequenos após um toque.


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