quinta-feira, 9 de junho de 2011

O Lençol

Entre os lençóis sobrou as dobras de todo o vazio que existe entre nós
A cama está gelada
Seus pés não esquentam mais os meus
Pois mesmo que estivessem entre esses lençóis, não me abrasariam 
Fervia a colcha e a janela estava sempre aberta
O que fiz foi queimar a maldita colcha, juntamente com todas as toalhas em que enxugou-se
A janela está aberta
Tanto frio me faz sorrir
As nuvens lá fora me limitam a pensar sobre a chuva
Honestamente venho exalado neblina dessa janela aberta
E não, não sinto culpa.
Nenhum tipo de ojeriza acrescenta esse sentimento de geleira
Faça-me o favor de permanecer queimando longe daqui
Longe dos lençóis frios e agoniados 
Cristalizando as nossas fotos, que nunca estiveram tão sem cor como agora
Acho que é culpa dessa janela 
Ou dos poetas românticos que leio
Ou do lençol.
Da cama.
Do branco.



 

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