domingo, 17 de junho de 2012

Ela foi, ele ficou.

- Você foi muito pra mim.
- Talvez por ter sido tanto, que parti.
- Sinto a tua falta.
- Eu sinto que não deveria estar aqui.
- Foi bom, te ter em meus braços.
- Acho que se enganaste comigo.
- Acho que na verdade, você está enganada.
Ela havia acendido o cigarro que estava atrás da orelha.
- Por que?
- Porque essa tua máscara engana à quem tu queres, menos à mim.
Levantou a sobrancelha esquerda. Ela sempre fazia essa expressão quando estava encurralada. E ele sabia, ele só sabia.
- Eu não fugi de ti.
- Nunca disse isso.
- Mas sei que é o que pensas. E estás pensando agora mesmo, não é?
- Esse é o teu problema..
- Não acho nada.
- Também não sabe.
- Sei.
- O que?
- Que me amas.
- Também sei.
- Que te amo?
- Que vais mentir agora.
Ela chegou mais perto dele, deixando os olhos dos dois na mesma direção.
- Talvez, tua maneira de amar seja apenas diferente da minha.
- Não me enganei.
- Ahn?
- Não me enganei com você, nunca.
- Se dizes...
Ela havia levantado, estava indo embora, mais uma vez.
- Mas, ei...
Ele estava com um sorriso amarelo no rosto.
Ela virou-se para ele, e o olhou fixamente, esperando o que ele tinha a dizer.
- Ainda sinto a tua falta.
- Talvez eu seja pra sempre, apenas a tua falta.
Ela piscou.
Ele baixou a cabeça, sabia que aquela piscada era a deixa dela. Não queria vê-la ir.
Ela foi.
E ele.. Ele ficou.

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