A cada uma que caísse, a raiva aumentava um pouco.
Talvez se ela não ligasse tanto para o que é certo, os dias seriam menos pesados.
Mas ela ainda chorava. Chorava e chorava.
Não adianta quantas pessoas a digam que não importa. Ela ainda se importa.
Agora era ela por ela mesma. Decidiu não sentir mais tanto assim, fingindo que não faz sentido.
Sentir sem sentido.
E ele a analisava de longe, e sentia o peso da dor que carregava naqueles olhos verdes claros.
Deveria ir até ela ajudar a carregar a dor?
Mas ele tinha medo dos olhos dela.
E não, não era somente ele que sentia medo... A maioria das pessoas também sentiam.
Não um medo comum, um medo de se sentir intruso demais.
O batom vermelho que ela usava, causava intriga entre as demais pessoas, e aquele lápis de olho afastava ainda mais.
Apesar de todo aquele receio que ele tinha, decidiu encarar aqueles olhos tão claros e tão escuros.
Chegou mais perto e ela não exitou. Ela esperava que ele fosse embora, e ele esperava que ela o mandasse embora. Mas nenhum dos dois falou uma palavra. Continuaram sentados um do lado do outro. Ele ouvia a respiração dela, e tentava decifrar o que poderia significar.
Ela só continuava olhando pro horizonte bem em sua frente.
Nenhuma palavra foi dita. Mas os gestos falaram mais alto.
Ela estendeu a mão pra ele. Ele deu a mão pra ela.
E então ela resolveu dizer: Vamos dançar?
Ele respondeu com todo cuidado: E por que não?
Eles ficaram alí no meio daquela praça vazia e fria. Dançaram. Dançaram mesmo sem música. Dançaram com a música das batidas de seus corações.
Dois corações tão distintos. Um tão gélido e inseguro, o outro tão quente e curioso.
Beberam a saudade um do outro, como se nunca fossem sair de lá. Como se nunca fossem parar de dançar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário