quinta-feira, 28 de junho de 2012

50 dias e apenas um copo, por favor.


- Espero que tenhas uma boa viagem.
- Você me ama, não é?
Ela assentiu. Abaixou a cabeça. Silenciou-se.
- Foi bom estar contigo, menina.
- Por que você insiste em me fazer essa pergunta?
- Acha que já sei a resposta?
- Claro que sabe.
- Então por que não diz?
- Não vale a pena, agora.
- Eu vou voltar. São só 50 dias.
- E acha que vou te esperar?
- Tenho certeza...
- Você e essa convicção...
- Acho que está na hora.
- De ir?
- É.
Ela deu um sorriso de lado, apesar de querer esbaldar-se em lágrimas.
- Vou sentir a tua falta.
- Já sinto a sua, desde que estavas, aqui 'perto' de mim.
Ele piscou. E foi.
Ela não quis olhar, virou-se.
Ela também não quis que aquela lágrima caísse.
Queria que os 50 dias fossem o suficiente pra ela mesma.
Quis sentir, quis amar, quis (pre)encher-se.
Quis tanto, que agora sente-se um tanto vazia.
E enquanto ela pensava, ele já estava longe.. Mais longe do que sempre esteve.
Sentou-se na praça de alimentação, chamou o garçom e disse:
- Por favor, uma garrafa de vinho.
O garçom:
- Dois copos? Está esperando por alguém, senhorita?
Ela respirou fundo.
- Não. Apenas um.

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