segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
O peso do gato.
Você me olhava com aqueles seus olhos de gato.
Eu nunca conseguia entender de onde vinha a sombra que emitia ali
Mas quando você sorria, parecia que nunca havia deixado de entender o quanto era doce.
E um dia com os olhos bem abertos, e estagnados como se costume, você me disse:
''- Nunca me deixe aqui, sozinha.''
Como eu ousaria deixar-te? Não poderia nem se eu mesmo quisesse, e querer isso se torna suicídio.
Você sempre me olhou assim, com tanta segurança, que não vou mentir, me deixou com medo na maioria das vezes em que ousei encarar seu olhar.
E quando dormíamos juntos, você sempre acordava antes de mim... Passava as mãos sobre meus olhos, e eu acordava como se estivesse no céu, dormindo com os anjos.
E você era o meu anjo, o meu anjo do medo.
Nunca fui homem de chorar, até o dia em que você me disse:
''- Por favor, preciso ficar sozinha.''
Meus olhos caíram em lágrimas, como se o céu e as nuvens estivessem em cima de mim.
Era pesado lidar com você, como poderia te deixar sozinha, quando me pediu pra não fazer isso?
Você nunca chorou na minha frente.
Eu chorei pra você, por você.
Seus olhos eram pesados demais pra entender o que é lacrimejar.
Só sei, que nunca consegui alcançar a velocidade das suas maneiras de olhar.
Você preferiu ficar sozinha, sem meus olhos pequenos a admirar os teus.
E hoje, posso dizer-te: Sou um mero par de olhos brancos.
Brancos com cor de nada.
Levaste toda a cor que havia neles, quando fechaste os teus olhos pra mim.
Os teus lindos olhos.
Aqueles olhos, que nunca mais verei.
Não verei cor, dor, nem flor.
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