domingo, 30 de setembro de 2012

Memória de uma página.

- Tudo ficou tão distante entre nós...

- Foi escolha sua.
- Eu bem sei.
- Foi melhor assim.
- Mas as vezes eu sinto falta da tua amizade.
- Esse é o problema, não vês?
- Sentir falta de ti?
- Da minha amizade, e só.
- Mas...
- Foi aí que tudo começou.
- Me sinto culpada.
- Isso não vai mudar nada..
- Não queria que tudo tivesse acabado assim, você foi tanto pra mim. Eu te disse coisas que nunca deveria ter dito.
- Mas disse, e uma vez dito, jamais 'desdito'.
- Acho que essa é a minha deixa.
- Mas... Fica tranquila, que eu já superei.
- Eu não.
(Ele fez uma expressão de dúvida)
- Não me perdooei ainda, por te machucar. Egoísmo.
- Eu já sabia que tava tudo acabado, quando fui te ver pela ultima vez. Aquilo tudo foi só a amarga confirmação.
- E eu ainda pisei mais fundo na tua ferida...
- Supere isso. A vida não acabou aqui, isso tudo foi só um capítulo de nossas vidas.
- Páginas viradas, memórias nunca apagadas.

Cílio.

- Fica...
- Não posso.
- Me dê um bom motivo dessa vez.
- Meus olhos estão começando a arder.
- Está fugindo.
- Não, não estou.
- Mentira.
- Não ouse dizer coisas que não sabe.
- Então não pisque os olhos dessa maneira.
- Que maneira?
(Ela levantou a sobrancelha como se quisesse perguntar mais alguma coisa)
- Essa aí...
(Ele apontou para os olhos dela)
- Você não muda nunca.
- Meu jeito?
- É, esse maldito jeito de querer me ler.
- Sabe que sempre acerto.
- Mas agora eu vou. Está tarde.
- A noite é tarde, desde que ela começa.
-  E começou faz tempo.
- Não devias ir... Não sem ao menos me dar um beijo.
- Fecha os olhos então.
- Por que?
- Confia em mim, e na tua capacidade de nunca errar.
- Certo, moça.
Ela assobiou, pegou as mãos colocou sobre o rosto dele, levemente, sorriu sozinha, chegou perto do ouvido dele e sussurrou: Eu disse que podia confiar em mim, não que ia beijar-te.
(Ele abriu os olhos devagar, ela estava perto ainda)
- Eu sei. Por isso fingi acreditar nas tuas palavras ao vento. Mas teus cílios ainda piscam, e sei que quando eles estão assim.. Pertos demais de mim, é o sinal que...
(Ela abriu mais os olhos e tentou se afastar, mas ele pegou-a pelo pulso, com sutileza e força)
(Ela continuou sem dizer nada, só piscava)
- Ainda sei, que essas piscadas são um ''sim''
- Você sempre sabe, mesmo sem saber.
- Vou te beijar.
- Beijo não se avisa, se dá.
(Ele passou a mão pelo rosto dela com a leveza que era mais do que de costume)
(Ela baixou o olhar)
 - Eu vou plantar um carinho nesse teu peito inquieto.
(E um beijo foi dado, roubado, pedido, entrelaçado, ajeitado, enrrolado).
 - Eu deixo.
- O que?
- Você entrar pelo meu olhar.
(Ele piscou para ela)
- Seus cílios me chamam.
(Beijos.)
(Beijos.)
(Cílios e beijos.)

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

— Cara, porque ela vive querendo emagrecer? 
— Sei lá, ela também vive dizendo que vai parar de comer. 
— E porque isso?
— Sei lá, não a entendo, cara. 
— Ela é a tua namorada, e você não entende? 
— Velho, ela fica linda de óculos e mesmo assim quer usar lente. O cabelo dela tem uns cachos que são bonitos, mas ela vive fazendo escova ou algo assim. Ela é baixinha, de um jeito tão bom, mas ela vive de salto. Ela usa aparelho, tem o sorriso mais lindo que eu já vi, mas ela vive escondendo os dentes ao sorrir por vergonha, ela tem um corpo, que eu me perco nele, mas mesmo assim se diz gorda. Eu sou apaixonado por ela quando ela come quando vamos na padaria. Ela é linda com aquele perfume, mas vive querendo usar o meu. Ela tem um pézinho, 35, é a coisa mais meiga que eu já vi e mesmo assim ela odeia o fato de não calçar 37. Ela fica maravilhosa quando acorda, mas mesmo assim não me deixa vê-la logo após que acorda. Ela é tão perfeita daquele jeito, sabe? Do jeito que eu amo, mas ela vive se chamando de feia. 
— E você não se irrita por ela repetir a mesma coisa sempre?
— Eu não, até que gosto.
— Por que, cara?
— Porque é uma oportunidade de dizer bem baixinho a ela que ela é a garota mais linda do mundo. 
— E falar isso faz diferença?
— Faz, toda.
— Qual?
— Ficando com vergonha. E quer saber? Ela é a pessoa mais perfeita que eu já vi com aquelas bochechas vermelhas, os olhos pequenos me chamando de idiota.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Ainda.






Será que esqueci que as pessoas podem  machucar, por mais que você as ame?

Já me machuquei tanto, que com o tempo fui ficando gélida diante de certos acontecimentos.
Mas aí você vive algo parecido com outra pessoa, em outro momento de sua vida, e começa a pensar se realmente valeu a pena todo o esforço, todo depósito de confiança, lealdade e fidelidade.
Espero não ter me equivocado.
Não vou pular do barco ainda. Ainda.
Tenho medo de mim, se isso um dia cessar.

O gosto amargo da decepção...
É engraçado, porque sempre esperamos por ela, mas nunca aguentamos o tranco quando chega.
Eu quis tanto, eu desejei tanto, amar outra vez... Sentir o peso do sentir.
Só eu sei o quanto tive medo, o quanto me blindei desse sentimento...
Só eu sei, o quanto magooei quem me amou, quem já sentiu muito por mim, e nunca pude retribuir.
Só me calei, me fechei e continuei a minha jornada sozinha e vazia.
Até encontrar novamente um motivo e um sentido pra gostar... Pra confiar, entender, superar, aceitar argumentos contrários dos meus, e passar por cima de algo que me custa muito: O orgulho.
Mas você esquece de tudo quando está amando...
Você passa a ser tudo que um dia julgou.

Sou/Nós... 
Ainda sou, mas me sinto perdida.
Me sinto sem direção, porque não sei mais se posso continuar...
Tô sentindo uma dor, um medo e ao mesmo tempo uma culpa.
Eu não quero estragar tudo, eu mudei tanto por você...
Eu mudei por amar. Por respeitar.
Eu mudei porque eu quero construir uma vida ao lado de alguém que eu admirei/admirava/admiro...
Eu só me pergunto se você realmente é tudo isso que diz.
Se você sente tudo isso por mim de verdade, se você seria capaz de correr atrás de nós dois, se algo acontecesse.
Será que você seria capaz de  abrir mão de um sonho, por nós dois?
Eu não vou suportar mais essa coisa de sentir mais do que você.
Se eu acabar com tudo, eu vou me culpar.
Mas também me culpo por te sentir demais.. Aqui... Dentro e fora de mim.
E agora, na minha pele, para sempre...

Always and forever... Ainda.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Tudo que a gente faz, de bom ou de ruim, acaba voltando pra gente. Não é lei da física, é da vida mesmo.